Considerado um dos precursores e ícone do reggae, o cantor jamaicano Jimmy Cliff, que morreu nesta segunda-feira, 24, tinha uma relação estreita com o Brasil.
Sua primeira vinda ao Brasil foi em 1968, para participar do Festival Internacional da Canção. Foi nesta ocasião que ele começou a compor a música “Wonderful World, Beautiful People”, um dos seus grandes hits.
Como resultado desta primeira visita, lançou o disco “Jimmy Cliff in Brazil”, no qual canta músicas brasileiras em versões em inglês. Estão no disco faixas como Andança, de Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, e Vesti Azul, de Nonato Buzar, Paul Anka e Sammy Cahn.
Entre os anos 1970 e 1990, visitou muitas vezes o País e chegou a morar aqui, dividindo-se entre o Rio de Janeiro e a Bahia. Nesta época, gravou um clipe nas praias do Rio de Janeiro para a música “We All Are One”. O vídeo foi dirigido pela diretora Tizuka Yamasaki.
Relação com outros músicos
Cliff teve uma relação próxima com músicos brasileiros, em especial Gilberto Gil, com quem dividiu os palcos em uma turnê que passou por Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro nos anos 1980.
Em suas redes sociais, Gil falou do legado de Cliff: “Jimmy Cliff influenciou e seguirá influenciando minha música. Obrigado por tanto”.
Em 1991, Cliff lançou o disco “Breakout”, gravado em parte em Salvador, com a participação de músicos baianos. O álbum trouxe a faixa Samba Reggae, que explicita a fusão entre o reggae jamaicano com os ritmos da Bahia.
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A filha brasileira de Jimmy Cliff
Na Bahia, teve um relacionamento com a psicóloga brasileira Sônia Gomes da Silva, com quem teve uma filha, Nabiyah Be. Hoje, com 33 anos, a filha baiana de Jimmy Cliff segue a carreira do pai, como cantora. É também atriz e participou do filme Pantera Negra de 2018.
Em entrevista recente, Nabiyah contou que seus pais se conheceram por intermédio de Margareth Menezes, atual Ministra da Cultura do Brasil, durante uma visita de Jimmy à Bahia. “Eles se conheceram em uma cerimônia de ayahuasca na praia, em Salvador. Sou fruto dessa união sagrada”, explicou ao podcast Papo com Clê.
“Minha mãe, engravida do meu pai, decide não criar uma filha negra em São Paulo e migra para Salvador… [Jimmy] morou conosco até os meus 9, 11 anos por aí”, relembrou. “Eu me sinto mais brasileira do que jamaicana. Sou filha do Jimmy Cliff, porém sou baianíssima.”