O economista Jeffrey Sachs, professor da Universidade de Columbia e conhecido mundialmente como uma liderança na discussão sobre desenvolvimento sustentável, viajou ao Brasil para uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT. O almoço do americano com o ex-presidente estava marcado para acontecer nesta quarta-feira, 10, mas Lula passou mal nesta manhã e indicou o candidato a vice, Geraldo Alckmin, para comparecer no seu lugar.

Além de Alckmin, participaram da reunião o coordenador do plano de governo de Lula, Aloizio Mercadante, o senador Jaques Wagner, o pesquisador de Harvard Hussein Kalout e os advogados e anfitriões do evento Cristiano e Valeska Zanin Martins.

Os interlocutores de Lula conversaram com Sachs sobre economia global, mudanças climáticas, trabalho pelo desenvolvimento sustentável, governança global e construção de uma economia verde. Durante o almoço, Mercadante convidou Sachs para participar de um evento amanhã, 11, na Fundação Perseu Abramo – braço de formação do PT. O americano aceitou e é possível que Lula e Sachs se encontrem pessoalmente em São Paulo. Hoje, Lula teve uma indisposição estomacal e também não compareceu a um encontro marcado com representantes do setor de varejo.

Sachs é Diretor do Centro para Desenvolvimento Sustentável de Columbia, já esteve duas vezes na lista de personalidades mais influentes da revista Time e no topo do ranking da revista The Economist de economistas mais influentes vivos. Ele defende a transição para uma economia descarbonizada. Na terça, a empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Lula afirmou que a questão climática é prioritária para o Brasil “ganhar dinheiro e respeito” internacionalmente. Ele foi aplaudido pelos presentes após essa declaração.

No ano passado, em discurso durante a 11ª Virada Sustentável, Sachs afirmou que o Brasil precisa assumir um papel mais amplo e positivo nas negociações por medidas globais de redução dos impactos das mudanças climáticas. Ele é autor de best sellers como “O fim da pobreza”, de 2005, e atua como presidente da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Influências

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Interlocutores da campanha de Lula têm buscado influência nos trabalhos de outros economistas estrangeiros, como o também americano Joseph Stiglitz e a italiana Mariana Mazzucato.

Professor da Universidade de Columbia e prêmio Nobel de Economia, Stigliz esteve com Lula em Bruxelas, na Bélgica, no ano passado. Em entrevista ao Estadão em 2020, Stiglitz criticou os governos Trump e Bolsonaro e defendeu um “novo equilíbrio entre mercado, Estado e sociedade civil”. “O mundo do século XXI é um em que o governo terá de assumir um papel maior do que no passado – a razão pela qual eu defendo um capitalismo progressista. Quero enfatizar que os mercados ainda serão importantes. Mas não podem ser os mercados irrestritos do neoliberalismo. A desigualdade cresceu. E é por isso que nossa política ficou tão feia. O Brasil tem os mesmos problemas”, disse Stiglitz, na época, ao Estadão.

Já Mariana Mazzucato é uma referência da campanha petista há algum tempo. A italiana foi descrita pelo jornal The New York Times como a “economista de esquerda que propõe uma nova história sobre o capitalismo”. A economista defende que a esquerda fale menos sobre redistribuição de riqueza e mais sobre criação de riqueza, diz o jornal americano, em reportagem de 2019. Petistas admitem que a ideia de tratar de “missões socioambientais” para orientar investimentos, segundo consta no programa de diretrizes da chapa Lula-Alckmin, foi inspirada no trabalho da italiana.


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