O cinema autoral americano invadiu nesta segunda-feira a disputa pela Palma de Ouro, com a exibição de “Loving”, uma ode à liberdade do diretor Jeff Nichols, além de “Paterson”, do consagrado Jim Jarmusch, que apela à poesia do cotidiano.

Depois de se arriscar em um filme de ficção científica (“Midnight Special”), Jeff Nichols se arrisca em outro gênero cinematográfico com “Loving”.

Inspirado em uma história real, este drama descreve a luta de Richard e Mildred Loving, um casal inter-racial que foi preso na Virginia em 1958 por seu matrimônio.

Após anos de batalha judicial, os dois conseguiram fazer com que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubasse em 1967 as leis que proibiam o casamento inter-racial.

O filme de Nichols, um dos mais aguardados de Cannes, provocou entusiasmo nesta segunda-feira em sua primeira exibição e já é considerado um candidato ao Oscar do próximo ano, segundo a imprensa especializada.

Jeff Nichols, comparado por muitos críticos a seu compatriota Terrence Malick – o último americano a vencer a Palma de Ouro com “A Árvore da Vida” (2011) -, centra a história em seus dois personagens, Richard e Mildred Loving, mas a dimensão política e social está latente em todo o longa-metragem.

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“Às vezes esquecemos que quando falamos de política, sentados em nossa sala, na realidade falamos da vida de homens e mulheres”, disse Nichols na entrevista coletiva.

“O que mais me espanta é que este tipo de filme tenha eco na atualidade. Custo a entender porque duas pessoas que se amam não podem ficar juntas”, disse o protagonista do filme, o ator australiano Joel Edgerton (“O grande Gatsby”), em uma referência ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, “um debate político atual” em muitos países.

Seu par no filme é interpretado pela atriz etíope Ruth Negga.

Nichols também volta a trabalhar com o americano Michael Shannon, seu ator fetiche, presente em quatro de seus cinco filmes. Em “Loving”, Shannon interpreta o repórter fotográfico Grey Villet da revista LIFE, cujas imagens ajudaram o casal em sua luta.

Mais cedo, Jim Jarmusch apresentou “Paterson”, um filme construído como um poema, uma ode à marcha lenta e à banalidade da vida cotidiana, que tem Adam Driver como protagonista.

No total, três filmes dos Estados Unidos disputam a Palma de Ouro na 69ª edição do Festival de Cannes, os dois exibidos nesta segunda-feira e “The Last Face”, dirigido por Sean Pean, com Charlize Theron e Javier Bardem, que será projetado na sexta-feira.

meb/fp


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