A JBS encerrou o primeiro trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 2,045 bilhões, ou R$ 0,81 por ação, revertendo o prejuízo líquido de 5,933 bilhões verificado em igual período de 2020, informou a empresa. A receita líquida foi recorde em R$ 75,251 bilhões, aumento de 33,2% em relação aos R$ 56,481 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Já o Ebtida ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 75,8%, de R$ 3,912 bilhões para R$ 6,876 bilhões. A margem ficou em 9,1%.

A dívida líquida da companhia somou R$ 57,173 bilhões, 0,4% superior ao reportado em igual trimestre de 2020, de R$ 56,970 bilhões, em virtude da desvalorização do real frente ao dólar. Em dólares, a dívida líquida diminuiu 8,4%, de US$ 10,958 bilhões para US$ 10,035 bilhões.

Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 1,76 vez em reais e 1,67 vez em dólares no primeiro trimestre, contra 2,77 vezes e 2,17 vezes, respectivamente. Na comparação com o índice do trimestre anterior, o último de 2020, a alavancagem teve um aumento, já que no período estava em 1,56 vez em reais e em 1,58 vez em dólares.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o diretor Financeiro Global da JBS, Guilherme Cavalcanti, explicou que, na relação trimestre a trimestre, a alavancagem aumentou porque, “embora o Ebitda tenha crescido, a dívida líquida também ficou maior, com base em um caixa negativo”.

A empresa queimou R$ 629,4 milhões em caixa nas atividades operacionais, principalmente por causa do pagamento de R$ 1,1 bilhão referente aos acordos para encerrar processos da Pilgrim’s Pride com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) e em relação a práticas antitruste. O fluxo de caixa livre, dessa forma, ficou negativo em R$ 3,5 bilhões.

Segundo o executivo, sazonalmente o primeiro trimestre costuma ter queima de caixa por causa de uma série de pagamentos. Neste ano, entretanto, a dívida líquida cresceu em relação ao quarto trimestre de 2020 em reais e em dólares não apenas por causa de fatores sazonais, mas também em função de detalhes não recorrentes e pelo movimento de recompra de ações realizado em janeiro e em abril. “Nos primeiros quatro meses do ano, se somarmos o valor utilizado para recompra de ações chega a R$ 3,5 bilhões”, disse.

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Em relação à variação cambial, a empresa não registrou efeitos significativos por causa de um rebalanceamento das dívidas realizado em 2020, que levou a uma redução na exposição da dívida em dólar. Cavalcanti disse que a JBS trabalhou para diminuir a dívida de terceiros da controladora, além de ter iniciado um gerenciamento de passivos na dívida entre companhias. “Com isso, a gente reduz a necessidade de hedge cambial também, junto com a queda na exposição cambial.”

O resultado financeiro líquido da empresa ficou negativo em 1,172 bilhão de reais, contra um resultado negativo de 9,087 bilhões no primeiro trimestre de 2020.

Por unidade de negócio, o maior crescimento no Ebitda ajustado foi da JBS USA Pork, com alta de 212,6%, seguido pela JBS USA Beef, com avanço de 148,5%, e pela Pilgrim’s Pride, que teve aumento de 68,8%. O Ebitda ajustado da Seara e da JBS Brasil caíram 5,2% e 30,1%, respectivamente.

Em relação à marca brasileira Seara, em comunicado enviado à imprensa a companhia explica que a redução no Ebitda decorre do aumento expressivo dos custos de produção, em especial farelo de soja e milho. “Estes aumentos vêm sendo parcialmente mitigados graças ao foco em eficiência operacional, aliado ao aumento de preços de venda, bem como um melhor mix de mercados, canais e produtos”, afirma.

No primeiro trimestre do ano, a Seara teve receita líquida 34,4% maior do que em igual período do ano anterior, para R$ 7,842 bilhões. A companhia atribui o resultado a um aumento de 18,1% no volume vendido e de 13,8% no preço médio de venda. As vendas no mercado interno, que responderam por 50% da receita da unidade, totalizaram R$ 3,9 bilhões, aumento de 33,4% ante igual período de 2020. No mercado externo, a receita líquida da Seara foi de R$ 3,9 bilhões, um crescimento de 35,4% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

A JBS Brasil também apresentou redução nas margens de lucros, em razão dos custos de produção, desta vez o encarecimento do boi gordo, cuja arroba já passa das R$ 300. Em receita, contudo, houve crescimento de 41,3%, para R$ 11,533 bilhões.

A JBS disse que o mercado doméstico foi responsável por 61,5% da receita obtida pela unidade, somando faturamento de R$ 7,1 bilhões, 41,4% a mais que em igual período do ano passado.

Segundo a empresa, as vendas de carne bovina in natura, que corresponderam a 85% das vendas do negócio no mercado externo, tiveram crescimento tanto em volume quanto em preços, com destaque para China e Hong Kong.


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