Depois de idealizar o projeto de recuperação das áreas alagadas do Rio Amazonas em Macapá, a Phytorestore do Brasil inaugurou na última sexta-feira, 31, os jardins filtrantes do Parque do Caiara, em Recife.
O projeto de 7 mil metros quadrados contou com investimento de cerca de R$ 8 milhões e vai recuperar as águas do Riacho do Cavouco, um dos afluentes do Rio Capibaribe, principal rio da cidade. Numa espécie de filtro natural, a água suja do riacho do cavouco passa por cinco tanques de pedras, com plantas e flores aquáticas e substratos, removendo resíduos sólidos, como metais. O sistema começou a operar em fevereiro.
A ideia é que esse projeto piloto, coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), seja implantado posteriormente em outras cidades. Para o prefeito de Recife, João Campos, a inauguração mostrou as vantagens de apostar em inovação e sustentabilidade. “Além de ter um impacto ambiental super positivo, esse é o jardim mais bonito que eu já vi no Recife, ” afirmou ele.
O diretor de Operações da Phytorestore do Brasil Vitor Hugo Terres explica que os jardins filtrantes instalados em Recife atuam no ambiente através de plantas aquáticas nativas que realizam a filtragem da água. Segundo ele, a técnica aplicada é muito semelhante a utilizada pela Phytorestore no rio Sena, em Paris “Espécies cuidadosamente selecionadas associam suas raízes aos microrganismos existentes nos substratos dos filtros para, juntos, exercerem a remoção de poluentes da água.”
Baixo custo
A tecnologia, conhecida também como fitorremediação, foi criada na França pelo arquiteto paisagista Thierry Jacquet, que durante seus estudos percebeu que as plantas eram amplamente utilizadas por cientistas em pesquisas para o controle da poluição. Usada para despoluir o Rio Sena, a técnica foi implantada pela Phytorestore em vários projetos espalhados Brasil em São Paulo, Amapá, Rio de Janeiro e agora Recife.
A fitorremediação ocorre por meio de tanques onde são plantadas espécies vegetais que promovem o tratamento em uma zona de raízes. Trata-se de um sistema natural, no qual não há aplicação de nenhum tipo de agente químico artificial no processo.
Depois de plantadas as espécies vegetais, os microrganismos responsáveis pelo tratamento se proliferam na zona de raízes naturalmente, requerendo manutenção periódica de baixo custo. Para que o jardim filtrante seja bem sucedido, é necessário que ele seja planejado de forma a integrar a biodiversidade da fauna e flora locais.
Soluções sustentáveis
Muitas empresas também estão incorporando em seus projetos as soluções inspiradas na natureza. A Natura implantou um sistema de jardins filtrantes no Ecoparque localizado em Benevides (PA), para o tratamento da Água não industrial das instalações. Já a L’Óreal buscou a mesma solução para o tratamento de efluentes sanitário, industrial e águas pluviais em seu centro de pesquisa e inovação instalado no Rio de Janeiro.
Em Sousas, no interior de São Paulo, a Merck MSD implantou um projeto de 1600 m2 também utilizando a tecnologia dos jardins filtrantes, criando um espaço para relaxamento dos funcionários. “Juntas, as 3 iniciativas impactaram mais de 2500 pessoas, contribuindo não só para a preservação dos recursos hídricos mas também criando projetos paisagísticos de integração entre os cidadãos e a natureza. Todos saíram ganhando, inclusive essas empresas, que tem a preservação da natureza como pilar de suas regras de compliance,” afirma o diretor da Phytorestore do Brasil, responsável pela os três projetos.