Um japonês que recebeu por engano 46,3 milhões de ienes (R$ 1,79 milhões) de um fundo de ajuda por conta da Covid-19 admitiu que apostou todo o valor no espaço de quinze dias. O jovem, de 24 anos, que não foi identificado, recebeu a quantia em abril como parte de um programa do governo local para ajudar os moradores que estavam com dificuldades financeiras por causa da pandemia.

No entanto, em vez de enviar a quantia de 100 mil ienes (cerca de R$ 3.877,63), o governo da cidade de Abu transferiu todo o dinheiro destinado às 463 famílias de baixa renda para a conta bancária do jovem.

Após as autoridades locais perceberem o erro, eles entraram com uma ação em 12 de maio pedindo a devolução imediata do dinheiro mais os custos legais. O homem, que supostamente morava sozinho e recentemente deixou o emprego em uma loja, concordou em devolver o dinheiro, mas depois alegou, sem explicação, que ele havia “sido movido” de sua conta.

Os registros mostraram que ele retirou todo o dinheiro da conta bancária entre os dias 8 e 21 de abril. Esta semana, o advogado dele contou que o jovem apostou toda a quantia em sites de cassino online usando o celular, acrescentando que seria “difícil” para o cliente devolver o dinheiro porque ele não possui nenhum ativo.

O prefeito de Abu, Norihiko Hamada, descreveu a ação do homem como “imperdoável” e disse que a cidade fará o possível para recuperar o dinheiro. O advogado do homem disse que as partes envolvidas estão tentando resolver a disputa, mas especialistas jurídicos disseram que é improvável que a cidade recupere as perdas.

“Mesmo que a cidade ganhe o processo e busque apreender bens, se o homem não tiver nenhum, será difícil recuperar o dinheiro”, disse Hisashi Sonoda, professor emérito de direito penal da Universidade Konan em Kobe, ao Mainichi.

Sonoda disse que as ações do homem foram “moralmente questionáveis”, mas acrescentou que um processo criminal pode ser problemático, já que o direito das pessoas de retirar dinheiro de suas contas é reconhecido pelo código civil do Japão. Relatórios disseram que os 100 mil ienes foram enviados para cada uma das famílias que ficaram sem os pagamentos originais.