25/01/2024 - 10:05
Um tribunal do Japão condenou à morte nesta quinta-feira(25) o homem que incendiou um estúdio de animação em 2019, onde morreram 36 pessoas.
O incêndio que há quatro anos e meio arrasou os estúdios da Kyoto Animation foi o crime mais mortal em décadas no Japão e chocou os fãs de anime no país e no exterior.
Na manhã de 18 de julho de 2019, Shinji Aoba, agora com 45 anos, entrou no edifício à força, lançou gasolina no piso e o incendiou ao gritar “caiam mortos”, segundo os relatos dos sobreviventes.
As vítimas “foram cercadas pelo fogo e fumaça em um piscar de olhos(…) Sofreram uma morte agonizante quando o estúdio de repente virou um incêndio”, disse o presidente do tribunal, Keisuke Masuda, em sua sentença.
Muitos dos mortos eram jovens, incluindo uma mulher de 21 anos. Muitos foram encontrados na escada que levava ao telhado do edifício, o que sugere que já estavam debilitados quando tentavam escapar.
“Uma pessoa pulou do segundo andar(…) não conseguimos ajudá-la porque o incêndio era muito forte”, declarou uma mulher na época à imprensa local.
Mais de 30 pessoas ficaram feridas.
Aoba foi preso perto do local e respondeu a cinco acusações, entre elas, homicídio, tentativa de homicídio e incêndio criminoso. A promotoria pediu a pena de morte.
Seus advogados tentaram obter uma declaração de inimputabilidade ao afirmar que “não tinha capacidade de distinguir entre o bem e o mal, nem de deixar de cometer o crime devido a uma desordem mental”.
Mas nesta quinta, o juiz determinou que Aoba “não estava insano nem tinha capacidade mental diminuído no momento do crime”, segundo a NHK.
“Não pensei que tantas pessoas fossem morrer e agora vejo que me excedi”, declarou Aoba ao tribul do distrito de Kioto, no início do julgamento em setembro.
Aoba tinha o “delírio” de que o estúdio havia roubado suas ideias, disseram os promotores, uma acusação negada pela empresa.
Aoba sofreu queimaduras em 90% do corpo e não recuperou a consciência e fala até semanas depois. Segundo a imprensa, passou por 12 cirurgias.
Fundado em 1981, o estúdio, então conhecido como KyoAni, ficou popular por séries televisivas como “The melancholy of Haruhi Suzumiya” e “K-ON!”.
O presidente do estúdio, Hideaki Hatta, celebrou a decisão, mas destacou que “pensar nos funcionários que morreram (…) simplesmente me parte o coração”.
Dezenas de fãs das animações do estúdio enfrentaram a neve e aguardaram a decisão em frente ao tribunal.
O Japão é um dos poucos países desenvolvidos que aplica a pena de morte, normalmente em casos de assassinatos com mais de uma vítima. O apoio da população a este castigo é alto.
Grupos de defesa dos direitos humanos criticam estas sentenças e sua forma de execução, que frequentemente informa os condenados na mesma manhã que serão enforcados.
Um dos casos de maior repercussão nos últimos anos foi em 2018, quando pessoas de uma seita foram enforcadas por um ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995.
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