Autoridades da área sanitária de diversos países colocaram-se claramente contrários à realização dos Jogos Olímpicos — temia-se um recrudescimento do contágio pela Covid-19. Para o governo japonês, no entanto, sediá-los tornara-se uma questão de autoafirmação e de identidade nacional, até porque o país já perdera essa chance na década de 1940, devido à Segunda Guerra Mundial. Ainda que sem público e mesmo com os organizadores seguindo impecavelmente todos os protocolos de segurança (farmacológicos e não farmacológicos), o fato é que o aumento na transmissão do vírus explodiu, dia após dia, em trágicas estatísticas. Na semana passada, tiveram início os Jogos Paraolímpicos (igualmente sem público), e não fazê-los, uma vez que os Jogos tradicionais foram realizados, seria um ato de preconceito em relação a pessoas com deficiências. A diferença é que, agora, o próprio governo japonês, olhando para o passado, admite que o contágio aumentará ainda mais: na segunda-feira 23, véspera da abertura do evento, o país registrava o décimo segundo dia consecutivo de recorde na média de novos casos. E, na semana anterior, foram contabilizados, em média, cerca de vinte e três mil novos infectados diariamente. O sistema hospitalar de Tóquio está operando sob pressão, e o primeiro-ministro Yoshihide Suga ordenou que os hospitais abriguem somente pacientes em estados gravíssimos — os demais são encaminhados para isolamento em casa. A variante Delta, com sua altíssima transmissibilidade (de um para seis), burlou todo o anteparo da festa anterior. Especialistas em todo o mundo não guardam dúvidas de que a Delta, infelizmente, também poderá deixar uma cara herança ao fim da festa atual.

Ouro brasileiro

Naomi Baker

Na quarta-feira 25, primeiro dia de provas, o nadador brasileiro Gabriel Bandeira, 21 anos, conquistou medalha de ouro nos 100 metros borboleta, classe S14 (portadores de deficiência intelectual). Com 54s76, ele bateu o recorde nessa modalidade.

DIPLOMACIA
A reunião secreta da CIA com o Taleban

NEGOCIAÇÃO William Burns: diálogo fácil com o Taleban (Crédito:The New York Times)

O diretor da CIA, William J. Burns, e o líder do Taleban, Abdul Ghani Baradar, são velhos conhecidos — e bons interlocutores, apesar de Burns ter sido um dos principais responsáveis pela prisão de Baradar, há onze anos. Ele cumpriu pena e reconquistou a liberdade em 2018. Foi Baradar, também, quem operou como negociador-chefe com o governo americano nos acordos de paz no Catar. Esse é um dos motivos pelos quais o presidente dos EUA, Joe Biden, escalou Burns para uma reunião em Cabul, mantida sob sigilo até a quarta-feira 25, quarenta e oito horas após a sua realização. Os EUA confiam em Burns e Baradar, embora Baradar não confie nos EUA, mas somente na pessoa de Burns. O assunto, dessa vez, foi o exíguo prazo (vence dia 31) para os militares dos EUA concluírem no Afeganistão a retirada aérea de americanos e afegãos que queiram partir. Não ficou acordado se esse prazo será dilatado.

Grafites contra o terror

Divulgação

Shamsia Hassani é considerada a primeira grafiteira do Afeganistão. Não se intimidou com a tomada do poder pelo Taleban e segue com o seu trabalho artístico. Um dos mais significativos que ela fez, divulgado na semana passada e exposto em diversos muros de Cabul, mostra uma menina desafiando o poder bélico e as brutalidades cometidas contra as mulheres: ela, toda colorida, segura delicadamente um vaso com uma flor. O representante do Taleban tem os olhos vermelhos de raiva. Traduz a força feminina.

Bebê quer dinheiro quando tinha quatro meses

de idade, o bebê Spencer Elden foi exposto na capa do disco “Nevermind”, do Nirvana: nu, nadando em uma piscina, como se quisesse apanhar uma nota de um dólar que estava na água. Agora Elden está com 30 anos e processa a banda por “exploração sexual infantil comercial”. São quinze réus (inclusive a viúva de Kurt Cobain) e, de cada um deles, Elden quer US$ 150 mil. À época (1991), os seus pais cobraram (e receberam) US$ 200 pelo uso da imagem do filho.