Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (8), o executivo Pablo Menezes contou detalhes sobre telefonas e mensagens que recebeu do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), na madrugada de 8 de março, data da morte do menino Henry Borel. As informações são do jornal Extra.

De acordo com Menezes, que é vice-presidente de operações e relacionamento da Qualicorp e conselheiro da Rede D’Or, os contatos de Jairinho tinham a intenção de impedir que o corpo do menino de 4 anos fosse encaminhado para o Instituto Médico Legal, onde o laudo de exame de necropsia apontou hemorragia interna a laceração hepática provocada por ação contundente, além de equimoses, hematomas, edemas e contusões incompatíveis com acidente doméstico.

Jairinho deixou várias mensagens para Menezes a partir de 4h57, pedindo para que o executivo entrasse em contato com ele com urgência. No início da manhã, às 7h17, o vereador ligou para o executivo contando ter acontecido “uma tragédia”, que o enteado havia morrido, e pedindo “que agilizasse o óbito”.

O vereador havia chegado ao Hospital Barra D’Or com a namorada, Monique Medeiros, mãe de Henry, por volta das 3h50, e o óbito do menino só teria sido atestado às 5h42 pela equipe médica.

Ainda de acordo com o Extra, o executivo disse que entrou em contato com o hospital e foi informado de que seria necessário o envio do corpo ao IML, uma vez que a criança chegou com parada cardiorrespiratória, e a causa da morte não havia sido definida.

Menezes conta que Jairinho enviou as seguintes mensagens a ele: “Agiliza ou eu agilizo o óbito. E a gente vira essa página” e “Vê se alguém dá o atestado para a gente levar o corpinho e virar a página”.

O executivo disse que não atenderia o pedido de Jairinho. “Eu não atenderia nenhum pedido ilegal e tinha a certeza de que os profissionais do hospital também não atenderiam. Porém, ressalto que, neste caso, não cabia a mim atender ou não o pedido de Jairinho. É uma questão de autonomia médica, que considera todos os mandos legais. O motivo dos médicos não terem atendido se liga às circunstâncias de que a criança chegou ao Barra D’Or em parada cardiorrespiratória, com equimoses pelo corpo, e o óbito não tinha causa definida, sendo mandatário o envio do corpo ao IML”, disse o executivo.

Menezes ainda afirmou em seu depoimento que Jairinho chegou a procurá-lo novamente em 11 de março, com ligações e mensagens que ele disse não ter respondido e ter ficado “muito desconfortável” diante do pedido feito pelo vereador.

O Conselho de Ética aguarda resposta do governador Claudio Castro para concluir o processo de cassação de Jairinho por quebra de decoro, por conta do processo de homicídio pelo qual é réu pela morte de Henry. O parlamentar e Monique estão presos preventivamente desde 8 de abril.