O médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), foi indiciado por lesão corporal no âmbito da violência doméstica praticada contra uma de suas ex-namoradas, Debora Mello Saraiva. As informações são do jornal Extra.

As investigações da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) concluíram que Jairinho agrediu a estudante em pelo menos quatro ocasiões, em uma delas, em 2016, ela chegou a ter um dedo do pé fraturado após sofrer chutes do parlamentar.

Jairinho, que está preso acusado da morte do enteado Henry Borel, morto aos 4 anos, já havia sido indiciado, no último dia 1º, por torturar o filho de Debora, um menino de 3 anos à época das agressões, que teve o fêmur quebrado em uma das sessões de violência.

Segundo o delegado Adriano França, da DCAV, Jairinho e Debora mantinham um relacionamento a partir de 2014, mas apenas nos anos seguintes ele passou a ter comportamento violento. As agressões teriam começado quando Debora descobriu no celular do vereador conversas entre ele e a ex-mulher, a dentista Ana Carolina Netto.

Nesse dia, Jairinho teria tomado seu telefone e feito menção de que sumiria com Debora, jogaria sua bolsa e seu celular em algum lugar e que ligaria para a mãe da namorada dizendo que os dois teriam brigado e que ela teria saído sem rumo de casa, de acordo com um relatório da DCAV que o jornal O Globo teve acesso.

Ainda de acordo com o Extra, Jairinho teria segurado o pescoço de Debora com as duas mãos, a jogado no sofá e a sufocado, dizendo que iria matá-la.

Em outra ocasião, Jairinho e Debora discutiram em um quarto de hotel. Para encerrar a briga, a estudante teria coberto a cabeça com um travesseiro. Nesse momento, Jairinho teria lhe dado um chute, rachando um osso de um dos dedos do seu pé.

Debora foi levada pelo então namorado a um hospital e ela recebeu uma imobilização e colocou uma bota ortopédica. De acordo com o boletim médico do hospital, analisado por um perito do Instituto Médico Legal, foi contatado “vestígio de lesão à integridade corporal ou à saúde” da estudante, concluindo que a lesão foi causada por “ação contundente”.

Em uma terceira agressão, ocorrida no ano passado na casa de praia da família de Jairinho, em Mangaratiba, ele deu um mata-leão em Debora e três mordidas. A quarta violência teria acontecido na porta da casa da estudante, onde o parlamentar teria lhe puxado o cabelo e dado um soco em seu rosto. Na ocasião, um policial militar que passava pelo local chegou a abordá-la e perguntar se algo havia acontecido, mas, por medo, ela teria negado.

Ainda de acordo com o Extra, nessa mesma ocasião, quando Debora chegou em casa, sua irmã percebeu as lesões em seu rosto e passou a enviar mensagens para Jairinho.

“Nunca mais toca na minha irmã, porque eu não aceito mais isso; ela amanhã pode estar bem com você, aceitando tudo o que você faz com ela, mas agora vou responder por ela, já que ela não responde; não toca mais nela; estou te pedindo; some da vida dela; vai viver sua vida e deixa ela em paz; não quero saber de nada; ela está com o rosto inchado; mesmo que amanhã ela esteja bem com você, como sempre acontece, o que tem acontecido não aceito mais; de verdade; não quero o seu mal; mas o bem dela pra mim é acima de tudo; por favor segue sua vida e deixa ela em paz”, disse a irmã de Debora.

O parlamentar respondeu às mensagens da então cunhada: “Peça desculpas a todos aí, mas não foi o que aconteceu. Também acho que chegou no limite, mas está dito”.

Jairinho será indiciado com base na Lei Maria da Penha. Para outros crimes, como calúnia, injúria e difamação, além de ameaça, já houve a extinção da punibilidade em razão do tempo decorrido. Também foi pedida uma nova prisão preventiva contra o parlamentar, que é réu por homicídio triplamente qualificado.

O Extra procurou o advogado de Jairinho, Braz Santana, que afirmou que, após ter acesso ao inquérito, não verificou “a existência de elementos suficientes para o indiciamento” do vereador.