As polícias, de forma geral, são o braço armado no Estado Democrático de Direito. Esse é um fato inquestionável. Então, se a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro realiza uma operação dentro de uma favela do Jacarezinho, na zona norte fluminense, e em decorrência dessa ação, 24 pessoas morrem, além de um integrante da própria corporação policial, significa dizer que o estado armado cometeu diversas execuções sumárias.

Relatos e vídeos divulgados pelos próprios moradores da comunidade são mais do que suficientes para comprovar essa ação criminosa, uma verdadeira chacina em nome do Estado. Entretanto, no rol de atividades da Polícia Civil não há apenas a disseminação da brutalidade, como mostram historicamente as outras ações já desenvolvidas pelas forças policiais no Rio de Janeiro, uma das mais violentas do País.

A polícia carioca, que deveria se limitar a realizar o trabalho de investigação e inteligência, como manda a lei, a transgride, levando à barbárie. Sendo assim, se essa operação que vitimou tantas pessoas foi planejada com “inteligência”, demonstra, no mínimo, que essa polícia deve ser reformada e dotada de controles que não permitam a transgressão da lei.

Mas, se a intervenção policial desastrosa não for devidamente investigada, com uma responsabilização rigorosa dos acontecimentos em Jacarezinho, essa instituição está fadada à desaprovação da sociedade. Se o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal nada fizerem, serão cúmplices de um Estado bárbaro.