O Prêmio Jabuti chega à sua 62.ª edição com mudanças em seu regulamento e a escolha da poeta mineira Adélia Prado como a Personalidade Literária de 2020. Serão 20 categorias este ano – foram 19 no ano passado. A Câmara Brasileira do Livro, que promove a premiação, excluiu a categoria impressão por entender que o Prêmio Fernando Pini, da Associação Brasileira de Indústria Gráfica, já era suficiente.

A categoria Humanidades foi dividida em duas: Ciências Sociais e Ciências Humanas. E foi criada uma nova categoria, dedicada a reconhecer o melhor romance de entretenimento do ano, gênero que não tinha chance quando avaliado ao lado de romances literários.

As inscrições do Jabuti 2020 foram abertas nesta terça-feira, 17, e seguem até o dia 30 de abril. As inscrições são feitas quase que exclusivamente online – apenas os volumes inscritos no eixo livro, que inclui as categorias capa, ilustração, projeto gráfico e tradução, devem ver enviados. Para as demais categorias, os editores ou autores mandam os arquivos em PDF. Portanto, na opinião de Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, o isolamento e a quarentena pela qual a maioria dos brasileiros está passando para evitar a disseminação do coronavírus não deve esvaziar o Jabuti esse ano.

“Acredito que os profissionais dos departamentos comerciais e editoriais que estão trabalhando no sistema de home office vão ter mais tempo para analisar as categorias e escolher onde inscrever seus livros. Esperamos, no mínimo, que as inscrições sejam como no ano passado”, disse Tavares. Em 2019, o Jabuti registrou 2.103 inscrições.

Já com relação à categoria Humanidades, Pedro Almeida, curador do Prêmio Jabuti, explicou que ela se tornou um desafio para os jurados nos últimos dois anos, depois que o prêmio passou por uma mudança drástica em seu regulamento. Em 2019, 279 livros foram inscritos nesta categoria, de acordo com o curador. Só para se ter uma ideia, os jurados avaliaram 128 biografias e 237 romances naquele ano.

“É muito complicado para um júri avaliar tantos livros e outro desafio era a diversidade dos temas. Começamos a fazer esse estudo dois anos atrás e no ano passado já fizemos uma alteração separando biografia e reportagem. Isso suavizou um pouco para os jurados, mas não tanto. Agora, separamos a categoria Humanidades em Ciências Sociais e Ciências Humanas”, explicou Almeida.

A mudança maior foi a inclusão dos romances de entretenimento, também chamados de gênero. Obras policiais, de fantasia e terror, por exemplo, passam a ter espaço no Jabuti.

Pedro Almeida conta que essa era uma discussão antiga dentro da CBL. “Acredito que estamos dando um passo decisivo na inclusão desse tipo de livro que se distingue pelo conteúdo, e não pela forma, como os romances literários. Essa categoria vai atender a um grande público que vem crescendo nos últimos 20 anos, quando começamos a publicar autores nacionais de gênero e a investir neles.”

Almeida acreditava que o anúncio dessas mudanças “soaria como uma boa bomba”. Isso foi antes da ameaça do coronavírus. “Com essa inclusão, o Jabuti se torna, possivelmente, o mais abrangente prêmio do mercado editorial do mundo. Com o covid-19 não sabemos o que vai acontecer, mas sabemos que no meio disso tudo, para muita gente (autores e editores), vai ser uma notícia boa no meio desse mar de coisas estranhas.”

Autores e editoras vencedores do Prêmio Jabuti ganham a estatueta. O autor vencedor de cada uma das categorias ganha R$ 5 mil. Já o vencedor do Livro do Ano leva R$ 100 mil.