O Banco Central, no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado nesta noite, não dá nenhuma “brecha” para uma ampliação do ritmo de queda da Selic para 0,75 ponto porcentual, avalia o economista-chefe da Quantitas Asset, Ivo Chermont. Ele afirma que havia uma discussão sobre a possibilidade de o Copom ajustar o foward guidance da manutenção do ritmo de 0,50 ponto porcentual em relação ao comunicado de agosto trocando “próximas reuniões” por “próxima reunião”.

“O BC, em momento nenhum, deu sinalização para aceleração, nem para dezembro. Mantiveram o plural nas próximas reuniões, não dando brecha para ritmo de 75 pontos. Os dados estão aí e podem mudar, mas por enquanto é isso”, disse.

Segundo Chermont, “a verdade é que de uma reunião para outra praticamente tudo piorou”. Ele lista que o cenário global ficou mais incerto, como o próprio Copom menciona ao falar da curva americana e da economia da China e, aqui, atividade está mais forte, “com todo mundo revisando para cima o PIB do ano”.

Um ponto que em tese poderia ser avaliado pelo Copom como dove, e não foi, foi o alívio na inflação subjacente. “Não houve ênfase na melhora do core”, destacou.

Sobre o fiscal, o economista disse que havia dúvida sobre se o BC “reintroduziria” o risco fiscal no balanço de risco, dado que, de concreto, não houve fato novo, mas apenas uma piora na percepção do mercado dada a dificuldade de governo com as receitas e a subestimação de despesas. “Nossa conclusão ontem era que não incluiria, mas para a surpresa, introduziu um parágrafo novo e reforçou a importância de governo e Congresso perseguirem metas estabelecidas”, disse. Para ele, na prática, “o qualitativo da piora fiscal foi de certa forma incluído sim no balanço de riscos”.

O economista reiterou o cenário de Selic a 8,5% no fim do ciclo, sendo reduzida ao ritmo de 0,50 ponto em todas as reuniões até aquele nível.