SÃO PAULO (Reuters) – A Itaúsa está ampliando sua área de fusões e aquisições e avaliando oportunidades de investimentos nas áreas de transmissão de energia, saúde e agronegócio, mantendo estratégia de diversificação da holding, que tem quase todo seu resultado derivado do desempenho do Itaú Unibanco.

O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, também afirmou em apresentação nesta terça-feira que a empresa está avalia antecipar dividendos aos acionistas, a depender, entre outros fatores, do desfecho da discussão sobre tributação no Congresso.

“Vamos analisar a possibilidade de fazer algum tipo de antecipação de dividendos usando reservas de lucros acumulados”, disse o executivo. A Itaúsa, que costuma distribuir todo o dividendo que recebe do Itaú Unibanco, pagou menos em 2020 e isso pode acontecer de novo neste ano, já que o Banco Central limitou o pagamento de dividendos a 25% do resultado.

“A Itaúsa tem muita reserva que poderia usar para antecipar dividendos, mas ainda depende do que vai ser aprovado (no Congresso). A equação também não depende só da Itaúsa, mas daquilo que as outras empresas (da holding) farão”, disse o executivo a jornalistas, considerando pagamentos mais altos do Itaú Unibanco em 2018 e 2019 como “ponto fora da curva”.

A expectativa de Setubal é que a Itaúsa eleve a remuneração a acionistas nos próximos anos, em parte devido ao crescimento das outras empresas no portfólio de: Dexco, Alpargatas, Copa Energia, Aegea, NTS e XP.

A XP, aliás, é parte de um longo processo de desinvestimento da Itaúsa, reafirmou Setubal, que poderá usar os recursos das vendas de ações inclusive para dividendos dos acionistas, além de investimentos.

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As ações da Itaúsa exibiam queda de cerca de 1,9% às 15h06, enquanto o Ibovespa mostrava baixa de 3%.

M&A

Setubal afirmou que a Itaúsa mantém a estratégia de diversificar seu portfólio e o foco de dispêndios em aquisições de participações de empresas da ordem de 500 milhões a 700 milhões de dólares. Nos últimos anos, a empresa investiu principalmente em segmentos industriais e de consumo, em companhias dos setores de petróleo e gás e consumo.

O executivo disse que o grupo avalia oportunidades em saúde e agronegócio, mas que até agora não encontrou um veículo para se expandir nessas áreas. A Itaúsa não tem intenção em fazer investimentos fora do Brasil, disse Setubal.

“Temos olhado (para saúde e agronegócio), procurado caminhos de investir direta ou indiretamente, mas ainda não conseguimos encontrar investimento que fizesse sentido”, disse, citando também fatores financeiros e culturais.

ENERGIA

Sobre o setor de transmissão de energia elétrica, Setubal disse que “se pudermos, vamos fazer investimento, sim”, uma vez que “gera muito caixa e traz oportunidades interessantes”.

Em energia, a empresa de gás liquefeito de petróleo (GLP) investida da holding, a Copa Energia, deve evoluir para além deste produto nos próximos anos.

Criada em 2019 a partir da união da aquisição da Liquigás pela Copagaz com o apoio da Itaúsa, a Copa deve se tornar uma “plataforma de energias renováveis”, disse Setubal, usando a própria “geração de caixa que a Copa vai ter”.

Setubal, falando diante de imagens de paineis de geração de energia solar, não detalhou os tipos de energia em que planeja atuar, mas executivo da Copa disse que ela vem sendo consultada por potenciais clientes sobre o uso de GLP em geração, algo não totalmente possível pela lei atual, mas que está sendo discutido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

CONSTRUÇÃO


Setubal afirmou que o cenário macroecômico atual “é bastante desafiador para o atual governo e para o próximo” e comentou que há expectativa de “crescimento baixo (da economia) no próximo ano e possivelmente no ano seguinte também”.

Apesar disso, o presidente da Dexco, Antonio Joaquim de Oliveira, afirmou que, como o número de lançamentos do setor imobiliário nos últimos anos foi elevado, a empresa de produtos para acabamento de obras, não vê sinais de desaceleração.

“O nível de demanda segue fortíssimo e estamos operando todas as nossas linhas e fábricas à plena capacidade”, disse.

Segundo ele, apesar da alta nos juros, que pode atingir os financiamentos imobiliários, as taxas ainda estão em patamares bastante interessantes” para o setor. “Devemos ter um ano que vem aquecido, não vemos desaceleração que comprometa volumes e resultados (da Dexco) no próximo ano”, disse Oliveira.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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