Itamaraty repudia tentativa de golpe na Bolívia e fala em desrespeito ao Protocolo de Ushuaia

Tropas militares em veículos blindados são vistas nos arredores da Plaza Murillo, em La Paz, em 26 de junho de 2024. O presidente boliviano, Luis Arce, denunciou na quarta-feira a reunião não autorizada de soldados e tanques em frente aos edifícios do governo na capital La Paz, dizendo que "a democracia deve ser respeitado." “Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano”, escreveu Arce na rede social X. O ex-presidente Evo Morales escreveu no mesmo meio que “um golpe de Estado está se formando”. AIZAR RALDES/AFP
Tropas militares em veículos blindados foram vistas nos arredores da Plaza Murillo, em La Paz Foto: AIZAR RALDES/AFP

O Itamaraty repudiou nesta quarta-feira, 26, a tentativa de golpe de estado na Bolívia e disse que manterá a interlocução com autoridades legítimas do país. A declaração é em apoio ao presidente Luis Arce, que denunciou a invasão do exército à sede do governo.

Em nota, o Ministério de Relações Exteriores afirmou que a ação dos militares fere o Protocolo de Ushuaia, assinado em 1998. O documento, chancelado por países do Mercosul, Bolívia e Chile reafirma o compromisso democrático das Nações.

“O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país. O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos”, afirmou.

“Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o MERCOSUL, sob a égide do Protocolo de Ushuaia”, concluiu a pasta.

Militares bolivianos tentam invadir o Palácio Quemado, sede do governo boliviano. O governo acusa o general Juan José Zúñiga de comandar as ações.

Zúñiga deixou o comando do exército na terça-feira, 25, após ameaças feitas a Arce. O próprio militar confirmou a tentativa de golpe à emissoras de TVs locais.

Em nota, o Ministério de Relações Exteriores da Bolívia denunciou a tentativa de golpe e pediu a ajuda da comunidade internacional para o respeito à democracia e à soberania de Luis Arce.

“O Estado Plurinacional da Bolívia denuncia à comunidade internacional as movimentações irregulares de algumas unidades do Exército, que atentam contra a democracia, a paz e a segurança do país. Fazemos um chamado à comunidade internacional e à população boliviana, para que sejam respeitados os valores democráticos e respaldar o governo do presidente Luis Arce Catacora”, declarou.