As agressões sofridas por deputados oposicionistas na Venezuela, supostamente por apoiadores do presidente Nicolás Maduro, “reclamam efetiva apuração de responsabilidades e dificultam o diálogo que se faz necessário entre governo e a oposição para assegurar a plena observância do Estado de Direito”, diz nota divulgada no final da noite de quinta-feira, 9, pelo Itamaraty. O incidente poderá fortalecer a posição do governo do Paraguai, que pede a aplicação da cláusula democrática contra a Venezuela – o que poderá resultar em sua suspensão do Mercosul.

Durante sua visita ao Brasil, na última quarta-feira, o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, discutiu com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, medidas a serem adotadas para ajudar a conter a crise na Venezuela. Em discurso, ambos falaram em respeito a direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito.

Segundo fontes, a cláusula democrática foi a alternativa mais forte na análise, mas há dúvidas se a proposta será adotada, uma vez que ela precisa ser aprovada por todos os países da América do Sul, exceto Suriname e Guiana. Episódios como o ocorrido na quinta em Caracas ajudam a configurar o desrespeito à democracia.

A situação na Venezuela preocupa o governo brasileiro, inclusive, porque o país será o próximo a presidir o Mercosul, pelo sistema de rodízio em vigor no bloco. Isso ocorreria a partir da próxima reunião de cúpula, tentativamente agendada para 2 de julho, em Montevidéu.