O comando do Itamaraty realizou nesta quarta-feira (1º) a cerimônia anual de formatura de novos diplomatas, mas, para evitar um ato que poderia ser enxergado como uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o evento foi celebrado às escondidas. As informações são da Folha.

O evento marca a conclusão dos estudos no Instituto Rio Branco e tradicionalmente conta com a participação do presidente da República e de diversas autoridades, e também é coberto pela imprensa.

Mas neste ano, após uma votação interna, os formandos escolheram homenagear como patrono o embaixador José Jobim, morto pela Ditadura Militar, em 1979. Jobim havia afirmado à época que denunciaria casos de superfaturamento na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Ainda de acordo com a Folha, o evento acabou colocando o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, em uma saia justa. E a decisão do Itamaraty foi a de realizar a cerimônia sem grandes alardes, e sem a cobertura da imprensa, para evitar que a homenagem soasse como uma crítica a Bolsonaro, um defensor da Ditadura Militar.

Bolsonaro, que esteve presente na formatura dos dois anos anteriores, não compareceu este ano, e apenas enviou um discurso gravado. Já o discurso do chanceler foi publicado horas depois da cerimônia.

Procurado pelo jornal, o Itamaraty alegou que, na edição deste ano, a formatura teve um número reduzido de participantes para “preservar o distanciamento social” e “observar as normas sanitárias vigentes no contexto da pandemia de Covid-19“.

No ano passado, já no período de pandemia, a formatura dos alunos do Instituto Rio Branco contou com a presença de centenas de pessoas, entre diplomatas, autoridades, familiares e homenageados, além do então chanceler Ernesto Araújo e de Bolsonaro, sem máscara.