Italo Ferreira está no Havaí como líder do Circuito Mundial de Surfe. Ele disputa o troféu da temporada contra o bicampeão Gabriel Medina, seu compatriota Filipe Toledo, o sul-africano Jordy Smith e o norte-americano Kolohe Andino, este com chances mais remotas. A partir do próximo domingo, o surfista disputa o Pipe Masters motivado por estar perto de realizar seu maior sonho: ser campeão mundial. Ele sabe que o desafio é grande, mas mantém a esperança e o otimismo para fechar a temporada em alta.

Qual é a sua expectativa para a disputa do Pipe Masters?

As expectativas são as melhores. Estou numa posição muito boa, porém que não é confortável. Tenho me dedicado bastante nas últimas semanas. Logo após a perna europeia eu voltei para casa e já comecei a treinar a parte física, não teve nenhum dia de moleza, treinei firme para deixar o corpo preparado para Pipeline. Já estou no Havaí e vou ter alguns dias para treinar aqui também. Estou com a energia boa e feliz.

Depois do Surf Ranch, sua situação era delicada no campeonato, mas você não desistiu e ressurgiu das cinzas. Imaginava que chegaria no Havaí como líder do ranking mundial?

Acabei perdendo um pouco cedo na piscina de ondas, apesar de estar surfando muito bem, só que caí na minha onda e fui eliminado. Assim que perdi fui direto para a França e fiquei treinando para o evento em que só tinha tido um resultado bom no meu primeiro ano. No final de tudo as coisas se alinharam e sabia que poderia fazer dois bons resultados para voltar à briga, mas não imaginava que sairia de lá da Europa como líder. Valeu a pena toda a dedicação e o esforço , isso foi fruto de muito trabalho.

Em linhas gerais, quem for melhor entre os brasileiros e o Jordy Smith em Pipeline será campeão. O que fazer para não ser eliminado cedo?

São três brasileiros na briga, e tem também o Jordy, que é um cara que vai dar trabalho porque surfa muito bem. Mas não tenho de pensar nos adversários. Preciso fazer meu trabalho bem feito, entrar lá e pegar boas ondas. Estou treinando e testando os equipamentos para me sentir mais confiante. Acho que todos aí têm chance e será uma bela disputa.

Como líder do ranking, você deve pegar locais nas primeiras fases. É mais complicado isso?

Vou competir com alguns locais, é bem difícil, sempre tem caras bons, mas não posso me preocupar com os possíveis adversários, tenho de me preocupar em pegar as duas melhores ondas da bateria e botar pressão. Vou para cima. Ultimamente tenho focado em mim mesmo e isso tem gerado frutos. Não penso muito no adversário ou em quem está na bateria. Só foco em mim mesmo.

Como você avalia seus rivais na disputa do título mundial?

Todos os caras que estão no Circuito Mundial são difíceis de bater, especialmente em Pipeline, que é um lugar que muda muito dependendo do tamanho ou da direção da ondulação. São muitos fatores e todos ali são perigosos. Não dá para tentar avaliar todo mundo. Um ou outro você consegue observar para tentar colocar algo em prática na hora, como o Kelly Slater ou o próprio Gabriel Medina, que são atletas muito bons lá.

No Pipe Masters você teve um quinto lugar como melhor colocação na história, mas em outras vezes foi apenas o 13º colocado. Você já refletiu sobre essa onda e tem ideia do que pode fazer para brilhar lá?

É uma etapa muito difícil, será um desafio e tanto para mim. Os atletas são movidos por desafios e esse será mais um. Estou preparado, dediquei minha vida inteira para isso e estar nessa posição é incrível, um momento muito importante na minha vida e na minha carreira, uma oportunidade gigantesca. Eu tento pensar o melhor. Nunca imaginei que iria ganhar em Keramas, Bells ou todos eventos que já venci. Ninguém sabe o que vai acontecer. Estou muito confiante, sei que posso fazer uma ótima performance lá, tenho estudado bastante e vai ser demais poder melhorar meus resultados dos últimos anos e quem sabe vencer.

Muitas vezes você elogia a parceria de sua namorada nessa empreitada. Qual a importância dela no seu desempenho?

Ela me deixa feliz, é simples. Não só ela, mas meus amigos, minha família. Se tudo estiver em seu devido lugar e eu estando feliz, acho que consigo fazer o que quiser na água e nada vai me abalar. Nos últimos anos não estava 100% amarradão e esse ano consegui achar um equilíbrio e focar mais no que realmente deve ser feito. Ela sem dúvida tem me ajudado bastante. Todos os dias, a gente acorda cedo, qualquer que seja o tempo, ela vai comigo para a praia, segura a prancha, ou filma, e a gente também tira dias para sair, passear, se divertir. É legal sair da bolha às vezes. Ela tem sido uma grande parceira, tem me ajudado bastante e eu tento retribuir sendo o melhor cara do mundo para ela. Acho que está dando certo.

Em 2019 você chega ao Havaí com a lycra amarela, foi campeão no ISA Games e ainda está disputando o Atleta da Torcida do Prêmio Brasil Olímpico. Tem sido uma temporada especial para você?

Tem sido uma temporada incrível para mim, com altos e baixos, vitórias e derrotas, e tenho aprendido bastante. Acho que cheguei em um nível muito alto de competição e concentração. Estou muito feliz com tudo que está acontecendo. 2019 tem sido um ano incrível. No ano passado, venci três etapas e não disputei o título. Agora, fiz quatro finais, ganhei só duas, e estou disputando o troféu. Estou numa crescente muito boa e isso mostra como posso ficar forte no Circuito Mundial de Surfe.

E sobre o prêmio do Comitê Olímpico do Brasil?

Ser um dos escolhidos, antes de tudo, é um reconhecimento do meu trabalho, de que o surfe está cada vez mais popular e fico honrado de representar o meu esporte. É irado estar disputando o Atleta da Torcida do Prêmio Brasil Olímpico. O surfe está sendo representado e poder fazer parte disso é demais. Tento retribuir todo o carinho quando encontro os fãs e espero que a galera vote em mim para eu fechar o ano com chave de ouro.