ROMA, 3 OUT (ANSA) – Eleitores de mais de 1,1 mil cidades da Itália, incluindo a capital Roma e Milão, vão às urnas neste domingo (3) e na segunda-feira (4) para escolher seus novos prefeitos e vereadores.
Assim como nas eleições municipais de 2020 – a Itália não faz as votações em todas as cidades ao mesmo tempo -, o governo repartiu o pleito em dois dias para minimizar o risco de aglomerações nos colégios eleitorais e estimular a participação dos cidadãos em tempos de pandemia.
Entre as mais de 1,1 mil cidades italianas que vão às urnas estão seis capitais regionais (Bolonha, Milão, Nápoles, Roma, Trieste e Turim) e 20 capitais de província. A região da Calábria, no sul do país, também vai eleger seu novo governador.
As urnas foram abertas às 7h (horário local) e serão fechadas às 23h, para reabrir de novo entre 7h e 15h de segunda-feira. Até o meio-dia deste domingo, a afluência era de 12,67%, queda acentuada em relação aos 17,99% de cinco anos atrás, quando as eleições ocorreram em apenas um dia.
O pleito municipal de 2021 acontece em um cenário bastante diferente de 2016, quando o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) conquistou Roma e Turim e obteve sua maior vitória eleitoral até então.
As experiências de governo desgastaram o M5S, bem como as alianças com a extrema direita e depois com a centro-esquerda nas duas gestões do ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, e agora o partido enfrenta dificuldades para repetir os resultados de cinco anos atrás.
Das seis capitais regionais em disputa, o movimento antissistema tem candidatos próprios em quatro (Milão, Roma, Trieste e Turim), mas não aparece entre os favoritos para chegar ao segundo turno em nenhuma delas. Nas outras duas, Bolonha e Nápoles, o M5S apoia postulantes da centro-esquerda.
Roma – O principal prêmio do pleito é a capital Roma, cidade mais populosa da Itália e governada pela prefeita Virginia Raggi, do M5S, que tenta a reeleição.
Primeira mulher a comandar a “cidade eterna”, Raggi aparece em terceiro lugar nas pesquisas, atrás do advogado Enrico Michetti, apoiado por partidos de direita e extrema direita, e do ex-ministro da Economia Roberto Gualtieri, de centro-esquerda.
O ex-ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda, de centro, aparece tecnicamente empatado na terceira posição com Raggi. Os três venceriam a atual prefeita por ampla margem em um eventual segundo turno, de acordo com as pesquisas de intenção de voto.
O segundo turno está marcado para 17 e 18 de outubro, mas apenas nos municípios com mais de 15 mil habitantes onde nenhum candidato obtenha pelo menos 50% dos votos.
Ao longo das últimas décadas, a prefeitura de Roma já passou pela esquerda, pela direita e pelo antissistema M5S, mas velhos problemas continuam presentes, como a falta de eficiência na gestão do lixo e no sistema de transporte público.
Por conta disso, Raggi teve um mandato conturbado, incluindo até um processo por falso testemunho (no qual foi absolvida), e deve enfrentar dificuldades para manter o M5S no poder.
Os favoritos para chegar ao segundo turno são Michetti e Gualtieri, que refletem a antiga polarização direita-esquerda no país.
O primeiro é apoiado pela aliança formada pelos partidos ultranacionalistas Liga, de Matteo Salvini, e Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni, e pelo moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi – juntas, as três legendas têm quase 50% das intenções de voto em âmbito nacional.
Já o deputado Gualtieri é um dos principais expoentes do Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda na Itália, e aparece como favorito à vitória no segundo turno. Apaixonado por bossa nova, o candidato também é fã do ex-presidente Lula – Gualtieri chegou a visitá-lo na cadeia em 2018 – e fala português. (ANSA).