SÃO PAULO, 17 JUN (ANSA) – Familiares de vítimas da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2 na Itália preparam uma segunda leva de denúncias por suposta negligência nas ações de combate à crise sanitária.   

O primeiro “Dia D” ocorreu em 10 de junho, quando o grupo “Noi Denunceremo” (Nós Denunciaremos), que reúne 59 mil pessoas no Facebook, apresentou cerca de 50 denúncias ao Ministério Público de Bergamo.   

Nos próximos dias, uma outra centena de integrantes do comitê deve voltar ao MP para uma nova leva de ações. A data exata ainda não foi definida, mas deve ocorrer entre o fim de junho e o início de julho.   

Assim como as da semana passada, as novas denúncias devem questionar o motivo de não ter sido decretado um lockdown imediato no Vale Seriana, epicentro da pandemia na província de Bergamo, e o não-fechamento do hospital de Alzano Lombardo, de onde o Sars-CoV-2 começou a se espalhar pela zona.   

As ações já apresentadas citam a suposta falta de informações para os pacientes e parentes sobre os riscos de infecção, especialmente no início da pandemia; a ausência de dispositivos de proteção em hospitais; e a escassez de médicos para a gestão domiciliar de doentes sem necessidade de internação.   

A província de Bergamo registrou seus primeiros casos em 23 de fevereiro, mas só entrou em lockdown em 9 de março, com o restante da Lombardia. A postura das autoridades divergiu daquela adotada para as 11 cidades que registraram os primeiros contágios por transmissão interna no país, em 21 de fevereiro.   

Naquela ocasião, os 11 municípios – sendo 10 na província de Lodi, na Lombardia, e um na província de Pádua, no Vêneto – foram transformados imediatamente em “zona vermelha”, um regime rígido que incluía até toque de recolher.   

O primeiro-ministro Giuseppe Conte, o governador da Lombardia, Attilio Fontana, e o secretário de Bem-Estar Social da região, Giulio Gallera, já foram ouvidos pelo MP de Bergamo, mas como “testemunhas informadas sobre os fatos”, já que nenhum deles é investigado no momento.   

Bergamo é a quarta província com mais casos na Itália em termos absolutos, com 13,9 mil, atrás de Milão (23,9 mil), na Lombardia, Turim (15,8 mil), no Piemonte, e Brescia (15,3 mil), também na Lombardia.   

A província também sofreu alguns dos episódios mais dramáticos da pandemia no país, como a fila de caminhões do Exército para remover corpos para cemitérios e crematórios de outras regiões.   

(ANSA)