CIDADE DO VATICANO, 3 FEV (ANSA) – Jornalistas de toda a Itália e de outras partes do mundo se reuniram em Roma nesta quinta-feira, dia 2, para prestigiar o lançamento do livro “Vatileaks 2: Il Vaticano alla Prova della Giustizia degli Uomini” (“Vatileaks 2: Vaticano à disposição da Justiça dos Homens”, em tradução livre), que trata sobre o polêmico caso de vazamentos de documentos sigilosos da sede da Santa Sé.   

O livro, de teor jornalístico, foi escrito pelo ex-porta-voz do Vaticano e atual presidente da Fundação Ratzinger, Federico Lombardi, e pelo jornalista da “Radio Vaticana” Massimiliano Menichetti e foca no julgamento dos réus acusados no caso, que voltou os olhares da mídia ao menor país do mundo.   

Segundo a dupla de escritores, os motivos pelos quais escolheram produzir um livro com maior enfoque no julgamento do que no Vatileaks 2 em si são explicar o “funcionamento adequado da justiça do Vaticano, uma realidade muito pouco conhecida, e fornecer a documentação de como no processo foi abordado o tema da liberdade de imprensa e o envolvimento de dois jornalistas”, afirmaram os dois no lançamento.   

Com uma introdução sobre o caso de Lombardi e a parte mais jornalística de Menichetti, que esteve presente em todas as seções do processo, o julgamento Vaticano foi explicado e analisado nos mínimos detalhes como sendo não apenas realizado por uma instituição religiosa, mas sim por um Estado soberano que conta com sua própria Justiça.   

Histórico – O padre espanhol Lúcio Ángel Vallejo Balda e a consultora ítalo-marroquina Francesca Immacolata Chaouqui, os únicos dos cinco réus a serem condenados pelo caso, trabalhavam na Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas do Vaticano (Cosea), órgão criado pelo papa Francisco em 2013 para monitorar as finanças da Santa Sé, mas já dissolvido. Eles foram condenados por terem passado aos jornalistas Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi arquivos sigilosos que serviram de base para dois livros sobre as finanças da Igreja.   

O primeiro é autor de “Via Crucis”, que relata os duros ataques do Pontífice argentino contra os dirigentes que comandaram as finanças do Vaticano nos anos anteriores à sua chegada ao poder.   

Já Fittipaldi escreveu “Avarizia” (Avareza), livro que, baseado em documentos confidenciais, traça os primeiros mapas do império econômico da Santa Sé e denuncia gastos luxuosos por parte de membros do clero.   

Os dois jornalistas e o assistente do padre espanhol, Nicola Maio, foram absolvidos. No caso dos dois últimos, o tribunal reconheceu que não tem competência territorial para julgá-los, já que eles não possuem nenhum vínculo com o Vaticano.   

Já Vallejo Balda foi sentenciado a 18 meses de cadeia, enquanto Chaouqui pegou 10 meses de reclusão, mas com pena suspensa. Ou seja, só será cumprida em caso de reincidência. (ANSA)