Os moradores das principais cidades italianas votavam neste domingo no segundo turno das eleições municipais, que poderiam eleger pela primeira vez uma mulher em Roma e soar como um tiro de advertência para o chefe de governo Matteo Renzi.
Trata-se de eleições parciais, mas que dizem respeito a cerca de nove milhões de eleitores em 126 municípios, incluindo Roma, Milão, Nápoles, Turim e Bolonha.
A votação, que começou às 07h00 (02h00 no horário de Brasília), vai se estender até às 23h00 (18h00 de Brasília).
De acordo com o ministério do Interior, o comparecimento dos eleitores às 12h00 (7h00 de Brasília) era de 14,96%, ligeiramente abaixo dos 15,88% no primeiro turno.
Com 35% dos votos no primeiro turno, em 5 de junho, Virginia Raggi, de 37 anos, candidata do Movimento 5 Estrelas (M5s – populista) do comediante Beppe Grillo, está 10 pontos à frente de Roberto Giachetti, apoiado pelo Partido Democrata (PD centro-esquerda) de Renzi.
“Hoje é um dia muito especial, finalmente teremos a oportunidade de ter alguém novo que pode mudar as coisas. Todos os outros falharam, esperamos que eles consigam”, comentou à AFP Aldo, um aposentado de 72 anos depois de votar em Roma no M5S.
O PD também está em dificuldades em Turim, onde seu atual prefeito é ameaçado por uma jovem candidata do M5S, e especialmente em Milão, a capital econômica do país, onde seu candidato Giuseppe Sala (38,5%) está praticamente empatado com o candidato de centro-direita Stefano Parisi (38,4%).
O duelo esquerda-direita também é acirrado em Bolonha, mas o partido de Renzi nem sequer chegou ao segundo turno em Nápoles, onde o prefeito de esquerda Luigi De Magistris está prestes a conquistar um novo mandato.
Uma análise nacional dos resultados, todavia, continuam delicada, o M5S está ausente em Nápoles, Bolonha e Milão, enquanto a direita está em frangalhos em Roma, mas unida em Milão.
Há semanas, Renzi tenta minimizar a importância dessas eleições, repetindo que “a mãe de todas as batalhas” políticas permanece para ele sendo o referendo previsto para outubro sobre a sua reforma constitucional, que em caso de fracasso ele prevê renunciar.
Já para o M5S os resultados parecem positivos. Fundado em 2009 e segundo maior partido, com 25% dos votos nas legislativas de 2013, tem conquistado o eleitorado com suas propostas à direita e à esquerda, além de denunciar uma classe política corrupta.
‘Possível ruptura do sistema’Este é o discurso que Raggi repetiu durante toda a sua campanha, sem entrar em detalhes sobre o seu programa para recuperar uma cidade à beira do caos, com uma dívida de 12 bilhões de euros.
Esta eleição “destina-se a deixar um rastro na política italiana, marcando uma descontinuidade e uma possível ruptura do sistema”, alertou no sábado em um editorial no jornal La Repubblica, Mario Calabresi.
Com o M5S, “se trata de escolher o novo e a simpatia, considerar a inexperiência política como um dos principais valores. E associar tudo isso à esperança”, disse ele, comparando seus militantes a passageiros que assumem os controles de uma aeronave para protestar contra os atrasos dos voos e os benefícios dos pilotos.
Enquanto isso, os principais pilotos abandonaram a cabine. Durante os últimos comícios eleitorais antes do “silêncio eleitoral” do fim de semana, Renzi estava na Rússia, Grillo ausente e Matteo Salvini, onipresente líder da Liga do Norte, estranhamente quieto.
Quanto a Silvio Berlusconi, que tenta em vão se manter na liderança da centro-direita, continua no hospital após uma cirurgia cardíaca.
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