Italiano da Flotilha Global Sumud denuncia Israel por tortura

ROMA, 20 OUT (ANSA) – Um membro italiano da Flotilha Global Sumud apresentou uma denúncia ao Ministério Público de Roma, alegando que as autoridades israelenses cometeram atos de tortura após interceptarem os barcos que tentavam levar ajuda humanitária para Gaza no início deste mês e prenderem os ativistas a bordo.   

A queixa, apresentada por Antonio La Piccirella, alega que “uma violação completa dos direitos humanos foi perpetrada” em Ashdod, o porto para onde os ativistas foram levados após a interceptação das embarcações.   

Segundo o italiano, soldados israelenses armados privaram os ativistas, cerca de 300, de todos os seus pertences pessoais e cometeram “violência física gratuita” durante as revistas, resultando na quebra dos braços” de algumas pessoas.   

A denúncia de 17 páginas afirma que “os soldados algemaram os ativistas pelas costas com amarras de plástico muito apertadas e os forçaram a se deitar curvados, de bruços”, antes de levá-los “para uma praça ensolarada” e “forçaram as tripulações a se ajoelharem com suas bagagens atrás dos ombros e a sempre olharem para baixo, impedindo-os de se mover ou falar, e batendo na cabeça daqueles que se recusavam”.   

O documento também se refere à transferência para celas onde foram alimentados com “comida rançosa” com “pedaços de metal no pão”. La Piccirella afirma que foi levado, juntamente com outras 11 pessoas, para um quarto com “apenas seis camas”.   

A defesa do ativista relata que, “durante a primeira noite, ele foi privado de sono e submetido a privação sensorial”: “Por volta das 3 da manhã, La Piccirella foi novamente chamado para fora de sua cela, onde uma mulher, presumivelmente uma funcionária da Embaixada da Itália, novamente lhe propôs, na presença de autoridades israelenses, que, se assinasse o formulário que lhe fora submetido pelo Departamento de Imigração, seria repatriado na manhã seguinte”.   

O homem recusou-se novamente a assinar o documento, “considerando que a assinatura constituiria uma legitimação retroativa dos graves crimes de que foi vítima, cometidos em águas internacionais, aliás, na costa de Gaza e, portanto, em águas territoriais palestinas, e não em águas israelenses.” Na denúncia, La Piccirella também solicita aos promotores de Roma que investiguem “qualquer responsabilidade do governo italiano por ter se esquivado de sua obrigação legal de proteger seus cidadãos, visto que já houve ataques de drones em Túnis e ao sul de Creta, após os quais o governo enviou uma fragata para protegê-los”. (ANSA).