ROMA, 10 JUN (ANSA) – O representante italiano na Organização Mundial da Saúde (OMS), Walter Ricciardi, criticou a entidade nesta quarta-feira (10) por causa da polêmica relativa à transmissibilidade do novo coronavírus a partir de assintomáticos.
Segundo Ricciardi, que também é conselheiro do ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, a organização deu uma “resposta imprecisa e equivocada” ao dizer que pacientes sem sintomas raramente transmitem o Sars-CoV-2.
“A transmissão por pré-sintomáticos é típica deste vírus, o que o diferencia da Sars e da Mers. Em um mês, ele se difundiu por todo o mundo, enquanto outras pandemias levaram seis meses ou um ano”, declarou o italiano à emissora Rai.
Pré-sintomáticos são aqueles que ainda não desenvolveram nenhum sintoma, mas que serão afetados pela Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. Eles se diferenciam dos assintomáticos, que não apresentam sinais de infecção em nenhum momento.
Há dois dias, a chefe do programa de emergências da OMS, Maria van Kerkhove, disse que assintomáticos raramente transmitem o vírus, o que foi capitalizado pelo presidente Jair Bolsonaro, crítico das medidas de isolamento social.
Na última terça (9), no entanto, a mesma Kerkhove explicou que sua declaração se baseava em dados ainda não publicados e que é preciso levar em consideração os pré-sintomáticos, o que torna necessárias as medidas de prevenção contra a pandemia.
Além disso, o diretor do programa de emergências da organização, Michael Ryan, garantiu estar “absolutamente convencido de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo”. “A questão é saber quanto”, explicou.
Apesar da confusão, Ricciardi disse que a OMS está sob pressão e que a pandemia seria muito pior sem a entidade. “Devemos apoiar a OMS e criticá-la quando erra, dando uma resposta imprecisa e sem evidência científica, mas não pensando em aboli-la”, concluiu. (ANSA)