ROMA, 24 JUL (ANSA) – Quatro italianas lançaram uma campanha de apoio à capitã de um navio da ONG alemã Sea Watch, Carola Rackete, de 31 anos, que foi criticada por veículos de imprensa e internautas por se apresentar em um interrogatório judicial sem sutiã na Itália.   

O movimento, batizado de “Free Nipples Day” (“dia dos mamilos livres”, na tradução literal), escolheu o próximo sábado, dia 27 de julho, para incentivar que as mulheres saiam às ruas sem vestir sutiãs na Itália. “Em um momento em que o debate político é obscurecido pela enésima vez, e a deslegitimação dos argumentos é perpetrada através da humilhação e da censura ao corpo feminino, propomos um dia para afirmar o direito de vestir ou não um sutiã, sem ser levada mais ou menos a sério por isso”, disse o grupo de italianas que lançou o protesto em uma página no Facebook.   

Por sua vez, o ministro do Interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, do partido nacionalista Liga Norte, criticou a iniciativa. “Alguém lançou uma campanha de solidariedade à senhorita Carola para o próximo sábado: estas gênias da esquerda disseram ‘vamos sair sem sutiã’. Na esquerda, passamos de uma estrutura moral, como aquela de Enrico Berlinguer, para uma delinquente alemã em solidariedade a quem sai na rua sem sutiã. Pobre esquerda. Como vocês se reduziram assim? Não me importa como vocês saem nas ruas. Que cada um faça o que quiser, não é tema para o ministro do Interior”, disse Salvini, em uma transmissão ao vivo no Facebook.   

Salvini, que desde que assumiu o Ministério do Interior da Itália tem adotado medidas restritivas em relação aos imigrantes, impediu que o navio Sea Watch-3 desembarcasse 40 imigrantes no porto de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo, em junho.   

Capitã do navio, Carola Rackete forçou a entrada da embarcação no porto e colidiu com um barco da Guarda de Finanças da Itália.   

A atitude, criticada pelo governo italiano, mas apoiada por outros países, como a França, que citou as leis internacionais de resgate no mar, fez com que a capitã alemã ficasse presa temporariamente na Itália, sob acusação de favorecimento à imigração ilegal. Carola Rackete também abriu um processo contra Salvini por “alimentar um clima de ódio” e pediu que a Justiça bloqueasse as redes sociais do ministro por ofensas a ela. (ANSA)