ROMA, 11 NOV (ANSA) – Uma italiana que afirmava receber aparições da Virgem Maria por meio de uma “estátua que chorava sangue” em Trevignano Romano foi levada a julgamento, juntamente com o marido, sob acusação de fraude relacionada a “falsos milagres”.
A estatueta de Maria atraía multidões de católicos às margens do Lago Bracciano, nos arredores de Roma. No entanto, um exame de DNA realizado por uma universidade indicou que o sangue visto na imagem era de origem feminina e coincidia com o da autoproclamada vidente Gisella Cardia, proprietária da escultura e organizadora dos encontros.
A mulher desenvolveu uma espécie de culto em torno da chamada “Virgem de Trevignano”. Entre os falsos milagres mencionados por ela estava a multiplicação de pizzas e nhoques em jantares organizados em sua casa. Além disso, as autoridades locais afirmaram que Cardia fazia previsões sobre “futuros cataclismos e desastres, como terremotos”, com o objetivo de obter doações dos fiéis.
Ao lado do marido, o casal teria arrecadado aproximadamente 365 mil euros (R$ 2,2 milhões) graças às aparições mensais, que atraíram centenas de pessoas a Trevignano Romano durante vários anos.
“Cardia recebeu com serenidade a notícia da acusação, ciente de que este é um passo necessário no processo que a envolve. Por mais paradoxal que possa parecer, ela sente alívio, acreditando que esta é uma oportunidade para revelar a verdade dos acontecimentos com transparência e pôr um fim definitivo a todas as formas de especulação, mal-entendidos e controvérsias”, afirmou Solange Marchignoli, advogada da italiana, em entrevista à ANSA.
A estátua havia sido comprada por Cardia no santuário das aparições de Medjugorje, na Bósnia, há alguns anos. No entanto, a imagem foi posteriormente removida por ordem da polícia e da Igreja Católica. (ANSA).