ROMA, 4 AGO (ANSA) – Em mais um ato da crise migratória entre Itália e Tunísia, o Ministério do Interior de Roma anunciou que retomará, a partir de 10 agosto, a repatriação dos migrantes tunisianos que desembarcaram de maneira ilegal no país.   

Conforme nota do Viminale divulgada nesta terça-feira (04), a ação tinha sido suspensa durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), e agora será reativada respeitando os acordos que estão em vigor com o governo tunisiano. Serão dois voos semanais com, no máximo, 40 cidadãos cada – totalizando 80 pessoas repatriadas por semana.   

Apesar da nota anunciar a retomada para daqui a seis dias, Roma já estava realizando os voos de maneira não regular – foram cinco viagens desde 16 de julho com 95 tunisianos a bordo – por conta da “explosão” no número de migrantes vindos do país no último mês. O que valerá, a partir do dia 10, será a aplicação integral do acordo vigente.   

Conforme o relatório diário divulgado pelo Ministério do Interior, até este dia 4 de agosto, são 5.909 tunisianos que desembarcaram em portos italianos só em 2020 – mais do que o dobro do segundo colocado na lista, Bangladesh, com 2.181 – representando 40% dos deslocados que chegaram à Itália em 2020.   

Ao todo, são 14.745 migrantes neste ano.   

Em números gerais, o mês de julho foi o que mais recebeu migrantes na comparação com o mesmo período dos últimos dois anos: foram 7.068 estrangeiros contra 1.088 em julho de 2019 e de 1.969 em 2018. O período também teve cerca de seis vezes mais desembarques comparados com os outros meses do ano.   

A Tunísia é o país mais próximo da ilha de Lampedusa pelo mar – cerca de 100 quilômetros em linha reta. Por conta disso, aumenta a pressão do governo italiano contra Túnis para que ele controle o fluxo migratório. No dia 31 de julho, após um pedido direto do ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, a Itália suspendeu o repasse de 6,5 milhões de euros para o país por causa da crise migratória. (ANSA).