NÁPOLES, 17 JAN (ANSA) – A cidade de Nápoles, na Itália, apertou o cerco contra as gangues formadas por crianças e adolescentes após diversos episódios de violência contra jovens e moradores de rua serem registados nas últimas semanas.   

Batizadas de “baby gangs”, os grupos chamaram a atenção dos moradores locais por conta das agressões contra um adolescente de 15 anos que foi alvo de socos e pontapés de dois outros jovens.   

Outro episódio que chamou muita atenção foi o esfaqueamento de um rapaz de 17 anos, chamado Arturo, em dezembro do ano passado.   

Ele voltou às aulas ontem (16) após ficar semanas internado em um hospital.   

Além disso, foram registradas dezenas de agressões contra moradores de rua que buscam abrigo à noite na Galleria Umberto I, no centro de Nápoles.   

Para tentar enfrentar a situação, a polícia local começou a fazer uma vigilância e uma investigação maior contra as “baby gangs” e anunciou a prisão de sete pessoas nesta terça-feira.   

Destes, quatro são menores de idade. Todos são acusados de planejar e realizar 17 ações violentas em apenas dois meses.   

O grupo sempre agia próximos aos bares e à estação ferroviária da cidade, usando armas falsas para roubar dinheiro, carteira e celulares das vítimas.   

Já o governo italiano anunciou o reforço de mais de 100 homens nas zonas napolitanas mais afetadas pelas gangues. Segundo o ministro do Interior, Marco Minniti, esses grupos tem características de ações “terroristas” e extremamente organizada.   

Além de atuar na repressão, o governo de Roma anunciou que vai colocar em prática três projetos de prevenção para jovens.   

“O primeiro, é contra o abandono da escola que já deu bons frutos no Rione Sanità. O segundo é para os educadores de estrada que serão enviados para as quadras em risco e, por fim, em colaboração com o Tribunal de Menores, a possibilidade de levar às audiências os pais dos envolvidos em crimes do tipo associativo, como no caso da máfia”, explicou.   

– Reações: Nesta quarta-feira (17), uma manifestação pacífica reuniu cerca de duas mil pessoas no centro de Nápoles, com destino à estação metropolitana de Chiaiano. O local foi escolhido por ser o ponto onde o menino de 15 anos foi agredido.   

Além de estudantes, moradores da cidade também se juntaram ao protesto e pediram que as instituições públicas façam mais para evitar esse tipo de crime. “Não é culpa de Gomorra, é culpa do Estado”, dizia uma das faixas carregada pelos manifestantes.   

No cortejo também participaram o subsecretário de Justiça, Gennaro Migliore, e o vice-prefeito de Nápoles, Raffaele Del Giudice. (ANSA)