ROMA, 1 JUL (ANSA) – O governo da Itália aprovou um decreto que autoriza a entrada de quase 500 mil trabalhadores estrangeiros no país no triênio entre 2026 e 2028, o que significa um aumento de 50 mil permissões em relação aos três anos anteriores.
A medida chancelada pelo Conselho dos Ministros, presidido pela premiê de direita Giorgia Meloni, prevê a emissão de 164.850 vistos para trabalhadores estrangeiros em 2026, 165.850 em 2027 e 166.850 em 2028, totalizando 497.550 no triênio.
A medida faz parte dos esforços do governo italiano para enfrentar a escassez de mão de obra em um país com população em queda e cada vez mais idosa, embora sindicatos cobrem mudanças estruturais para combater o problema.
Das quase 500 mil autorizações, 267 mil serão para trabalhadores sazonais dos setores de agricultura e turismo, dois dos que mais têm sofrido para preencher vagas de emprego.
Também estão previstos 230.550 vistos para categorias como trabalho doméstico, não sazonal e autônomo.
“O objetivo é consentir o ingresso na Itália de mão de obra indispensável ao sistema econômico e produtivo nacional”, diz o decreto do governo Meloni, que tem o combate à imigração irregular como uma de suas bandeiras.
Já a Confederação-Geral Italiana do Trabalho (Cgil), maior sindicato do país, afirmou que a medida não traz nenhuma “mudança estrutural para favorecer o encontro entre demanda e oferta de trabalho”.
Segundo Maria Grazia Gabrielli, secretária federal da Cgil, menos de 8% das cotas disponibilizadas pelo governo foram preenchidas em 2023 (7,5%) e 2024 (7,8%). “Para 2025, os dados disponíveis evidenciam um número de pedidos inferior às cotas, exceto para o trabalho doméstico”, salientou.
Ela ainda criticou a estratégia da Itália de priorizar países que promovem ações contra as viagens clandestinas de migrantes e refugiados no Mar Mediterrâneo, como os do norte da África, e sugeriu a criação de uma permissão de estadia para “busca de emprego”, além da oferta de vagas para quem está de forma irregular em território nacional.
“Isso para subtrair força de trabalho da condição de irregularidade. Mas são palavras que o governo não pretende ouvir, para continuar seguindo um esquema de nenhuma utilidade”, disse Gabrielli. (ANSA).