BRUXELAS, 16 JUL (ANSA) – Itália e Malta, países que estão na linha de frente da crise migratória no Mediterrâneo, se uniram para reabrir as negociações para a criação de um mecanismo permanente de distribuição de solicitantes de refúgio entre os Estados-membros da União Europeia.   

Os dois países mostraram sintonia durante a última reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, realizada nesta segunda-feira (15), em Bruxelas, à luz das recentes polêmicas envolvendo navios de ONGs que ficam dias à espera de um porto para desembarcar migrantes resgatados no mar.   

“A discussão no Conselho de Relações Exteriores da União Europeia foi positiva. A iniciativa de Itália e Malta de ter um debate orgânico sobre as migrações teve apreço unânime”, disse o chanceler italiano, Enzo Moavero, destacando a “ampla convergência” em torno da necessidade de se criar “mecanismos estáveis” para combater a crise no Mediterrâneo.   

A declaração encontrou eco no ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, que se disse disposto a abrir seu país para uma “cota” de solicitantes de refúgio no âmbito de um “mecanismo vinculante”.   

Pelo Regulamento de Dublin, um solicitante de refúgio na União Europeia deve ficar sob responsabilidade do país de entrada no bloco, tarefa que recai sobretudo nas nações do Mediterrâneo, como Grécia, Espanha, Itália e Malta.   

A UE chegou até a criar um mecanismo voluntário de redistribuição, mas o sistema foi boicotado pelos países do leste europeu, especialmente os do grupo Visegrád (Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia).   

Além disso, o próprio governo italiano votou contra uma proposta de reforma do Regulamento de Dublin, em junho de 2018, que previa um mecanismo permanente de redistribuição. (ANSA)