Itália tenta identificar vítimas de naufrágios em Lampedusa

LAMPEDUSA, 15 AGO (ANSA) – As autoridades italianas tentam nesta sexta-feira (15) identificar os corpos dos migrantes que morreram nos naufrágios de dois barcos de migrantes forçados na costa da ilha de Lampedusa, no Mar Mediterrâneo Central.   

As tragédias deixaram pelo menos 27 mortos, sendo que 23 corpos já estão na câmara mortuária de Lampedusa, enquanto 60 pessoas, incluindo 21 menores de idade, foram resgatadas com vida.   

A ilha de Lampedusa, a apenas 145 quilômetros da costa da Tunísia, costuma ser o primeiro ponto de chegada de pessoas que tentam entrar na Europa em barcos frágeis ou superlotados.   

Seu centro de acolhimento abriga atualmente 317 pessoas, a maioria menores desacompanhados, disse Giovanna Stabile, da Cruz Vermelha Italiana, que administra a instalação. A maior parte delas vem do Egito, Somália e Bangladesh, acrescentou.   

Dos 60 sobreviventes dos naufrágios da última quarta-feira (13), 58 estão no centro. Os outros dois foram transportados de helicóptero para a Sicília para tratamento. “Ontem à noite, começaram os procedimentos de identificação dos corpos”, disse Stabile.   

Este foi um momento delicado, que contou com o apoio de uma psicóloga, uma mediadora linguístico-cultural e da equipe multidisciplinar. Segundo a italiana, as pessoas reagiram à identificação de forma muito serena.   

Uma jovem somali reconheceu sua filha recém-nascida, que escorregou de seus braços quando a embarcação começou a encher de água. Seu marido, que não sabia nadar, caiu no mar e desapareceu entre as ondas.   

Até o final da noite de ontem, a mulher esperava que pelo menos seu companheiro tivesse sido salvo, que pudesse ter sido resgatado por alguém, mas isso não aconteceu e ela identificou os dois nas fotos mostradas pelas autoridades italianas.   

Na quinta-feira, a guarda costeira italiana também publicou um vídeo da operação de resgate, mostrando jovens tentando desesperadamente se agarrar a um cilindro de resgate flutuante na água.   

Segundo os relatos, dois barcos superlotados partiram da Líbia, no norte da África, na noite da última terça-feira (12). Durante a viagem, uma das embarcações tombou, e diversas pessoas caíram na água.   

Alguns passageiros, no entanto, conseguiram subir no outro barco, que, sobrecarregado, também virou e foi avistado semiafundado ao meio-dia (horário local) de quarta (13), a cerca de 14 milhas náuticas de Lampedusa, por um helicóptero da Guarda de Finanças da Itália.   

Relatos de sobreviventes estimam que as embarcações levavam entre 90 e 100 indivíduos. Todos os anos, dezenas de milhares de pessoas desesperadas tentam a sorte em travessias clandestinas no Mediterrâneo a partir da Líbia e da Tunísia, as chamadas “viagens da morte”.   

Segundo o Ministério do Interior da Itália, 38.568 migrantes forçados chegaram ao país por via marítima em 2025, um pouco acima dos 37.756 registrados no mesmo período do ano passado.   

(ANSA).