MILÃO, 19 SET (ANSA) – A Itália terá em 20 e 21 de setembro sua primeira eleição desde o início da pandemia do novo coronavírus, mas tem sofrido com uma fuga de mesários às vésperas da abertura das urnas.   

A votação de domingo e segunda-feira inclui um referendo constitucional sobre a reforma que reduz em um terço o número de senadores e deputados, eleições para governador em sete regiões e para prefeito em quase mil cidades, incluindo as capitais Aosta, Trento e Veneza.   

Em Milão, um dos principais focos de disseminação do novo coronavírus no auge da pandemia, cerca de 100 mesários renunciaram de última hora a suas convocações e forçaram a Prefeitura a iniciar uma corrida contra o tempo para preencher as vagas.   

“Informamos aos cidadãos de Milão que estamos procurando presidentes de seção para o referendo constitucional”, diz uma mensagem divulgada pela Prefeitura neste sábado (19), menos de 24 horas antes da abertura das urnas.   

Em Bari, no sul da Itália, que sofreu menos com a pandemia em relação ao norte, aproximadamente 70% dos presidentes de seções ordinárias renunciaram, assim como os quatro dos colégios eleitorais para pacientes da Covid-19 em hospitais.   

Todas as vagas já foram preenchidas, mas a Prefeitura teve de recorrer a voluntários da Defesa Civil para encontrar presidentes para as seções voltadas a infectados pelo novo coronavírus. Entre os mesários, o índice de desistência em Bari chegou a 40%, e os substitutos serão indicados pelos novos presidentes de seção.   

Oficialmente, a maior parte das renúncias apresenta a justificativa de “indisponibilidade” de tempo, mas as autoridades tratam a onda de desistências como medo de contágio pelo coronavírus.   

Em Imperia, na Ligúria, uma das sete regiões com eleição para governador, 114 dos 180 cidadãos convocados para a apuração tiveram de ser substituídos de última hora.   

“A votação para as eleições regionais na Ligúria e o referendo será absolutamente segura porque os colégios já são, por si só, lugares de distanciamento social”, disse o governador lígure, Giovanni Toti, buscando tranquilizar mesários e eleitores.   

Regras – Tradicionalmente, as eleições na Itália acontecem apenas no domingo, mas o governo decidiu estender a votação até 15h (horário local) de segunda-feira (21) para evitar aglomerações nos colégios eleitorais.   

Os italianos terão de usar máscara e higienizar as mãos antes de depositar seus votos nas urnas, e as autoridades ainda pedem que pessoas com febre superior a 37,5º, sintomas respiratórios ou que estejam em quarentena não saiam de casa.   

Serão montados colégios eleitorais em hospitais com pacientes da Covid-19, e cidadãos que cumprem isolamento domiciliar, como o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, terão seu voto recolhido em casa.   

Ainda assim, as autoridades temem um crescimento nos índices de abstenção. A Itália tem hoje cerca de 40 mil pessoas com o novo coronavírus cumprindo isolamento domiciliar, mas os pedidos para ter o voto recolhido em casa não chegam a mil. (ANSA).