ROMA, 04 MAI (ANSA) – Um estudo divulgado nesta segunda-feira (04) pelo Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat), em parceria com o Instituto Superior da Saúde (ISS), mostrou que o país registrou uma alta de 49,4% no número de mortos no mês de março na comparação com a série histórica.
Chamado de “Relatório Istat-ISS – Impacto da Epidemia Covid-19 na mortalidade total da população residente – Primeiro Trimestre de 2020”, o documento analisou os dados de 6.866 cidades italianas (87% do total), o que equivale às comunas onde residem 86% dos italianos. Segundo o documento, essa “é a primeira vez que o Istat divulga uma informação de referência envolvendo um número assim consistente de comunas”.
Se for considerado o período entre 20 de fevereiro, quando o governo confirmou a primeira morte pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), a 31 de março, o número total de mortes na Itália passou de 65.592 – média histórica entre os anos de 2015-2019 – para 90.946 em 2020. Dos 25.354 óbitos a mais, 54% deles (13.710) foram confirmados por Covid-19.
Os dados apresentados mostram que o “excesso de mortes” em 91% dos casos, no mês de março, se concentra nas áreas de alta difusão da epidemia: são 3.271 cidades em 37 províncias mais ao norte, além de Pesaro e Urbino. “Se considerarmos o período de 20 de fevereiro até 31 de março, os óbitos [dessas províncias juntas] passaram de 26.218 para 49.351; pouco mais da metade desse aumento (52%) é constituída de mortes reportadas ao Sistema de Vigilância Integrada Covid-19 (12.156)”, informa ainda o documento.
Os dados foram ainda maiores nas províncias consideradas as mais afetadas pela pandemia. No mês de março de 2020, na comparação com a média do período de 2015-2019, houve uma alta de 568% na província de Bergamo, local que protagonizou algumas das imagens mais trágicas do ápice da epidemia na Itália. Outras províncias que registraram altas exponenciais foram Cremona (391%), Lodi (371%), Brescia (291%), Piacenza (264%), Parma (208%), Lecco (174%), Pavia (133%), Mantova (122%), Pesaro e Urbino (120%).
Já nas áreas em que a difusão do novo coronavírus foi considerado médio, o aumento no número de falecimentos na comparação com a média histórica “é muito mais contido”.
Considerando 1.778 comunas em 35 províncias predominantemente no centro-norte da Itália, as mortes subiram de 17.317 para 19.743 (alta de 2.426, no qual 1.151 foram comprovadamente de Covid-19).
No sul do país e nas ilhas, onde os casos do novo vírus foram os menores no cenário nacional, houve retração no número de óbitos no período, com um dado 1,8% menor do que o registrado entre 2015-2019.
Ainda conforme o relatório Istat-ISS, há 11.600 falecimentos nos quais é possível ter apenas três hipóteses de morte: “uma alta mortalidade associada à Covid-19 (mortes para as quais não foram feitos testes), uma mortalidade indireta correlacionada à Covid-19 (mortes por disfunções em órgãos, como coração ou rins, com provável consequência da doença criada pelo vírus em pessoas não testadas, como ocorre por analogia com um aumento da mortalidade por causas cardiorrespiratórias por conta do [vírus] Influenza), e, enfim, uma mortalidade indireta não correlacionada ao vírus, mas causada por uma crise do sistema hospitalar e do temor de ir ao hospital nas áreas mais afetadas” pela pandemia.
O relatório ainda informa que olhando para todas as mortes provocadas pelo novo coronavírus, apenas no mês de março e nas áreas de maior difusão da epidemia, as mortes por Covid-19 com diagnóstico confirmado é superior ao registrado em 2017 das vítimas do diabetes, das demências e do mal de Alzheimer. Em apenas 15 dias, os números da nova doença já superavam as mortes causadas por doenças respiratórias e dos tumores dos mais diversos tipos e, em pouco mais de 20 dias, os óbitos relatados pelas mortes de todas as causas nas regiões.
“A análise de todas as mortes de 2020 nos permitirá avaliar quanto o excesso de mortalidade observado seja atribuível também às mortes das pessoas não submetidas ao teste, mas certificadas por médicos com base em uma análise clínica para Covid-19 (que no momento não são contabilizadas) e quais os efeitos indiretos relacionados ou não à epidemia”, finaliza. (ANSA)