ROMA, 13 NOV (ANSA) – A Justiça da Itália retomou nesta quinta-feira (13) a busca pelos restos mortais do juiz Paolo Adinolfi, desaparecido há mais de 30 anos em Roma. A suspeita é que seu cadáver possa estar em um túnel subterrâneo em uma casa de eventos culturais, situado ao lado da ex-residência de um criminoso da organização Banda della Magliana, também acusada de estar envolvida no sumiço de Emanuela Orlandi no Vaticano em 1983.
As buscas na Casa del Jazz se concentraram pela manhã no terreno ao lado da mansão que pertenceu a Enrico Nicoletti, tesoureiro da Banda della Magliana, e serão retomadas na sexta (14) devido à necessidade de equipamentos adicionais, como tratores, para ampliar a escavação.
“Este trabalho não se resume apenas ao juiz Adinolfi. O objetivo é compreender o que pode estar escondido no antigo túnel histórico da Casa del Jazz”, afirmou Guglielmo Muntoni, magistrado responsável por reabrir o caso.
“Entre as hipóteses, é que ali [no túnel] possam ser encontradas armas, objetos de valor ou documentos. Mas também corpos e um dos corpos suspeitos é o de Paolo Adinolfi”, explicou Muntoni, acrescentando que a retomada das investigações é “algo que venho pedindo há 29 anos”.
Os familiares do desaparecido afirmaram em nota que só souberam “hoje, pela imprensa, das escavações na Casa del Jazz”, destacando que “nunca foram consultados ou informados sobre essa iniciativa e nem queriam a repercussão midiática que ela tomou”.
“Pedimos a todos silêncio e respeito pela nossa dor infinita”, disseram a esposa Nicoletta e os filhos Giovanna e Lorenzo Adinolfi.
Já a advogada da família Orlandi, Laura Sgrò, que atua no desaparecimento da adolescente Emanuela Orlandi ocorrido em 1983 no Vaticano e nunca solucionado, defendeu à ANSA a retomada “de uma investigação mais aprofundada no lugar” da escavação.
“Nossos sentimentos e solidariedade à família [Adinolfi].
Qualquer menção à Emanuela é sugestiva neste momento”, falou Sgrò, já que uma das hipóteses sobre a garota de 15 anos, que também nunca foi encontrada, é que ela tivesse sido sequestrada por membros da Banda della Magliana.
Adinolfi trabalhava no Tribunal de Roma, no setor de apelação. No dia 2 de julho de 1994, ele saiu de casa e nunca mais voltou. (ANSA).