ROMA, 10 FEV (ANSA) – A Itália recorda nesta segunda-feira (10) o Massacre das Foibe, um dos episódios mais trágicos relacionados ao período subsequente à Segunda Guerra Mundial no país.
Após o encerramento do conflito, milhares de pessoas que se opunham à anexação de parte da região de Veneza Giulia pela então Iugoslávia comunista foram assassinadas pelo regime do marechal Josip Broz Tito.
As vítimas eram jogadas com ou sem vida em buracos formados pela ação da água no solo, chamados na Itália de “foibe” – no singular, “foiba”. Estimativas apontam que de 5 mil a 17 mil italianos morreram na perseguição, sendo que a maioria residia na cidade de Trieste e nas regiões croatas de Ístria e Dalmácia.
A disputa fronteiriça se resolveu de forma definitiva apenas com um tratado assinado em 1975. Já o massacre foi negado durante muito tempo por parte da esquerda, e o Dia da Lembrança foi instituído apenas em 2004, sendo celebrado anualmente em 10 de fevereiro.
“Nas zonas da fronteira oriental, após a opressão fascista, responsável por uma política segregacionista contra as populações eslavas, e a bárbara ocupação nazista, se instaurou a ditadura comunista de Tito, inaugurando uma implacável temporada de violência contra os italianos residentes nessas áreas”, disse o presidente da Itália, Sergio Mattarella, em uma cerimônia no Palácio do Quirinale, em Roma. Segundo o chefe de Estado, o Dia da Lembrança “contribuiu para reconectar à história italiana aquele capítulo trágico e negligenciado. Por tempo demais, ‘foiba’ foi sinônimo de ocultamento da história”, acrescentou.
Já a premiê Giorgia Meloni declarou que lembrar essa tragédia é um “dever de verdade e justiça para honrar quem sofreu e transmitir essa memória às novas gerações”. “É uma história que derrotou a conspiração do silêncio e que nenhuma tentativa negacionista poderá esconder novamente”, salientou.
No último sábado (8), a “foiba” de Basovizza, que abriga um monumento aos italianos mortos nas mãos da Iugoslávia comunista, foi vandalizada com frases como “Trieste é nossa” e “Trieste é um poço”. O episódio ocorreu no mesmo dia em que as vizinhas Gorizia, na Itália, e Nova Gorica, na Eslovênia, iniciaram o mandato conjunto como capital europeia da cultura em 2025.
“Nenhuma provocação poderá reduzir a lembrança”, assegurou Mattarella. (ANSA).