ROMA, 6 AGO (ANSA) – O presidente da Itália, Sergio Mattarella, se manifestou nesta quarta-feira (6) sobre o aniversário de 80 anos do bombardeio atômico em Hiroshima feito pelos Estados Unidos, chamando o evento histórico de “apocalíptico”. Em sua mensagem, ele chamou a atenção para as atuais ameaças nucleares diante da escalada da tensão geopolítica no mundo e reforçou o apoio de Roma ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
“Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki não estão apenas entre os episódios de guerra mais dolorosos do último século, como representam uma ferida ainda aberta para o povo japonês”, falou o chefe de Estado sobre os ataques nucleares feitos em 6 de agosto de 1945 contra a primeira cidade citada e três dias depois, contra a segunda, sendo o Japão, o único país a ter sido alvo de um bombardeio atômico na História – mesmo assim, Tóquio não aderiu ao TNP.
“Essas tragédias e os enormes sofrimentos [radioativos] suportados pelos sobreviventes nos anos seguintes continuam sendo um aviso à humanidade que não pode ser esquecido”, destacou Mattarella, acrescentando que “hoje, em um cenário marcado por guerras, tensões crescentes e conflitos, é necessário reiterar com veemência que o uso ou a mera ameaça concreta de armas nucleares em conflitos constitui um crime contra a humanidade”.
Segundo o italiano, “a arquitetura global do desarmamento e da não proliferação nuclear, um dos pilares do sistema multilateral meticulosamente construído após a Segunda Guerra Mundial, não pode ser abandonada, sob pena de acelerar um clima de conflito”.
“Cinquenta anos após a ratificação do TNP, a República Italiana reafirma seu objetivo de um mundo livre de armas nucleares, com a plena implementação dos organismos internacionais de controle estabelecidos para esse fim”, frisou Mattarella, concluindo que “nenhuma guerra atômica pode ser travada ou vencida sem colocar em risco a própria existência da vida no planeta”.
Para o presidente italiano, Hiroshima e Nagasaki pertencem “a uma memória universal que testemunharam a extensão da fúria destrutiva do homem”, sendo, ao mesmo tempo, “um exemplo de resiliência, do que é possível com a paz”.
Em Hiroshima, o bombardeio nuclear matou mais de 140 mil civis, destruindo aproximadamente 70% da cidade. Já em Nagasaki, o número de mortos é estimado em 74 mil. (ANSA).