PERÚGIA, 09 MAI (ANSA) – O governo da Itália apresentou nesta quarta-feira (8) um recurso na Grande Câmara da Corte Europeia de Direitos Humanos, sediada em Estrasburgo, na França, contra uma decisão que obriga o país a indenizar a americana Amanda Knox por violações de seu direito de defesa.   

A sentença foi emitida em 24 de janeiro e determina que o governo italiano pague 18,4 mil euros, entre danos morais e despesas legais, para Knox por conta de irregularidades nos interrogatórios sobre o assassinato da estudante britânica Meredith Kercher, em novembro de 2007.   

Segundo a decisão, as autoridades da Itália questionaram a americana sem a presença de um advogado de defesa e não forneceram um tradutor para ela. Além disso, Knox diz ter sofrido tratamento “desumano e humilhante” em sua prisão.   

A Grande Câmara é uma espécie de “tribunal supremo” da Corte Europeia de Direitos Humanos e deverá se pronunciar sobre a admissibilidade do recurso da Itália. A ação chega na mesma semana em que um festival de direito penal marcado para junho, em Modena, anunciou a participação de Knox, que voltará ao país pela primeira vez desde sua libertação, em 2011.   

O caso – Knox foi acusada pelo homicídio da estudante britânica Meredith Kercher, ocorrido em 1º de novembro de 2007, na cidade italiana de Perúgia, onde ambas estudavam e dividiam uma casa. O corpo da jovem foi encontrado degolado, seminu e com uma série de feridas.   

O caso logo chamou atenção pelas circunstâncias que o envolviam.   

Ao lado do marfinense Rudy Guede, único condenado em definitivo pelo crime, Knox e seu então namorado, o italiano Raffaele Sollecito, foram acusados de matar Kercher em meio a discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram do controle – hipótese descartada posteriormente.   

A beleza da americana também foi outro chamariz para o homicídio. Na Itália, ela ficou conhecida como “a diaba com rosto de anjo”. O ex-casal chegou a ser sentenciado após o DNA de Knox ter sido encontrado em uma faca com o sangue da vítima e ficou preso na Itália até 2011, quando a Corte de Cassação, tribunal supremo do país, anulou o processo por falhas na perícia.   

No mesmo dia em que foi libertada, a americana voltou para a casa de sua família, em Seattle, e nunca mais pisou na Itália.   

No fim de 2013, a Corte de Cassação determinou a reabertura do caso, já que a inocência dela e de Sollecito não tinha sido comprovada, culminando em uma sentença condenatória do Tribunal de Apelação de Florença em janeiro do ano seguinte.   

Contudo a decisão foi novamente derrubada pela Corte de Cassação, que não viu indícios de participação de Knox e Sollecito no assassinato e os absolveu em definitivo. Já Guede foi condenado por ter invadido a casa e matado Kercher, mas ele alega que conhecia a britânica e que estava na residência a convite dela.   

Segundo sua versão, o homicídio ocorreu enquanto ele estava no banheiro, após uma discussão entre Kercher e Knox. (ANSA)