Itália recorda 33 anos de morte de juiz antimáfia Borsellino

ROMA, 19 JUL (ANSA) – As autoridades italianas relembraram neste sábado (19) os 33 anos do assassinato do juiz Paolo Borsellino que, ao lado de Giovanni Falcone, tornou-se um dos símbolos da luta contra os grupos mafiosos da Itália no início da década de 1990.   

O caso é um dos mais marcantes da história judiciária da Itália e foi recordado com uma missa em memória dos mortos na via D’Amelio, rua onde ocorreu o massacre, e mensagens do presidente italiano, Sergio Mattarella, e da premiê Giorgia Meloni.   

A cerimônia, que contou com a presença das famílias das vítimas, autoridades civis e militares, começou com a deposição de uma coroa de louros pelo ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, na placa comemorativa em memória das vítimas.   

“O massacre da Via D’Amelio deixou uma marca indelével na história italiana. A morte de Paolo Borsellino e sua escolta ? Emanuela Loi, Agostino Catalano, Vincenzo Li Muli, Walter Eddie Cosina e Claudio Traina ? foi ordenada pela máfia para minar as instituições democráticas, menos de dois meses após o ataque de Capaci, e tinha como objetivo dar continuidade subversiva ao plano de intimidação e medo”, lembrou Mattarella.   

Em comunicado, o presidente da Itália destacou que “a democracia foi mais forte” e “os assassinos e seus instigadores foram derrotados e condenados”.   

“As vidas de Paolo Borsellino e Giovanni Falcone são testemunho e símbolo da dedicação dos magistrados à causa da justiça”, afirmou ele, lembrando que “Borsellino não recuou de seu trabalho após o massacre de Capaci”, mas “continuou a seguir em frente”.   

Portanto, Mattarella enfatizou que “honrar sua memória significa seguir sua lição de dignidade e legalidade e garantir que sua mensagem chegue às gerações mais jovens”.   

Já Meloni lembrou que Borsellino foi “um homem que sacrificou sua vida pela verdade, pela justiça e pela Itália”, reforçando como essa memória será levada adiante todos os dias.   

“Seu exemplo vive naqueles que todos os dias, muitas vezes longe dos holofotes, lutam por uma Itália mais justa, livre da máfia, da corrupção, do medo. Não há liberdade sem justiça, não há Estado sem legalidade”, escreveu ela nas redes sociais.   

Para a primeira-ministra da Itália, Borsellino e Falcone “abriram um caminho que não pode ser esquecido”. “Esse testemunho ainda está firme. E nós o levaremos adiante todos os dias, com respeito, com determinação, com amor por nossa nação”, concluiu.   

Relembre o caso – Borsellino e Falcone eram os juízes que faziam uma série de investigações contra a máfia siciliana “Cosa Nostra” e ambos foram assassinados em dois atentados feitos por mafiosos.   

No dia 19 de julho de 1992, em Palermo, um Fiat 126 repleto de explosivos foi detonado em frente à casa da mãe de Borsellino, no exato momento em que ele chegava à residência com uma escolta de cinco policiais. Entre as vítimas também estavam Agostino Catalano, Emanuela Loi, Vincenzo Li Muli, Walter Eddie Cosina e Claudio Traina.   

O atentado ocorreu quase dois meses depois do Massacre de Capaci, quando a máfia tirou as vidas do também juiz Giovanni Falcone, de sua esposa e de três policiais. (ANSA).