A Itália nunca ficou fora de duas Copas do Mundo consecutivas. Comandados pelo técnico Roberto Mancini, os campeões da Europa têm dois jogos para evitar um fracasso histórico e superar o trauma da eliminação na repescagem para o Mundial de 2018.

“Nosso objetivo é ganhar o Mundial, mas para ganhar é preciso vencer esses dois jogos”, disse nesta semana o sempre otimista Mancini, que vive o seu momento mais delicado em quatro anos à frente da seleção italiana.

Para passar para a próxima fase da repescagem, a ‘Squadra Azzurra’ precisa primeiro bater a Macedônia do Norte nesta quinta-feira no estádio Renzo Barbera, em Palermo.

O perigo para a Itália pode ser um excesso de confiança contra 67ª seleção do ranking da Fifa, que está pela primeira vez na fase de repescagem das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo.

Algo que parece provável, já que depois do título da Eurocopa a Itália soma decepções: fim da invencibilidade na era Mancini (37 jogos) na Nations League contra a Espanha e a perda da vaga direta no Mundial para a Suíça, que acabou em primeiro no grupo na primeira fase das Eliminatórias.

– Remanescentes de 2018 querem redenção –

A Itália pagou caro pelos empates com a Suíça (0 a 0 e 1 a 1), em dois jogos em que o meia Jorginho perdeu pênaltis que poderiam ter mudado o destino da ‘Azzurra’, e com a Bulgária (1 a 1).

É assim que a seleção italiana revive o pesadelo da repescagem, quatro anos depois de perder para a Suécia no mata-mata (0 a 1 e 0 a 0) e ficar fora do Mundial.

Um “apocalipse” para um país que não ficava fora da Copa do Mundo desde 1958. E como lembrança daquela derrota, nove jogadores que disputaram aquela eliminatória permanecem no time atual: Bonucci, Chiellini, Immobile, Belotti, Verratti, Insigne, Jorginho, Florenzi e Bernardeschi.

“Nós que vivemos a experiência há quatro anos teremos mais lucidez para controlar melhor as emoções”, disse nesta quarta-feira o veterano Chiellini, que quer jogar o Mundial para encerrar sua carreira na seleção com “chave de ouro”.

“Talvez não devêssemos estar nesta situação, mas o futebol é assim”, disse Mancini. Durante a semana, o treinador mostrou confiança nos jogadores, que há menos de um ano conseguiram “uma vitória que ninguém, absolutamente ninguém acreditava” na Eurocopa.

Mancini também não se mostrou preocupado com o estado psicológico do goleiro Gianluigi Donnarumma, que falhou na eliminação do Paris Saint-Germain para o Real Madrid na Liga dos Campeões da Europa e vive mau momento no clube francês, nem com a condição física dos experientes Giorgio Chiellini e Leonardo Bonucci, que estão em fase de recuperação e são esperados para a próxima fase da repescagem.

– Immobile pode ser decisivo? –

Mas além da segurança na defesa, a Itália terá que recuperar a efetividade no ataque e marcar gols, missão para a qual não poderá contar com Federico Chiesa, fora até o final da temporada por conta de uma lesão no joelho.

Para isso, Mancini aposta em Ciro Immobile, que enfim parece brilhar na seleção, e no trio de ataque do Sassuolo, formado por Bernardi, Scamacca e Raspadori, além do brasileiro naturalizado italiano João Paulo, do Cagliari.

A Itália terá que ser cautelosa com a Macedônia do Norte, que já mostrou ser capaz de surpreender, apesar de não ter mais seu ‘herói’ Goran Pandev, que se aposentou da seleção.

O pequeno país balcânico de apenas 2 milhões de habitantes fez sucesso na fase de grupos ao derrotar a Alemanha há um ano (2 a 1), garantindo o segundo lugar no grupo, à frente de Romênia e da Islândia.

“Sabemos que se defendem bem e têm qualidade técnica”, disse Mancini sobre os macedônios.

O meia do Napoli Elif Elmas, autor do gol decisivo contra a Alemanha, está suspenso para o jogo de amanhã, mas o treinador Blagoja Milevski, tão confiante quanto Mancini, o convocou pensando na próxima fase da repescagem.

“Todo mundo está pronto. Não estamos aqui por acaso, estamos prontos para fazer um grande jogo”, disse Milevksi em entrevista nesta quarta-feira.

alu/mcd/dr/cb