Itália promove em São Paulo candidatura de culinária na Unesco

SÃO PAULO, 1 OUT (ANSA) – Por Bruna Galvão – Em sintonia com a 14ª edição da Settimana della Cucina Regionale Italiana, um dos eventos gastronômicos mais tradicionais de São Paulo e que ocorrerá entre 20 e 26 de outubro, a capital paulista receberá duas autoridades para apimentar o debate sobre a candidatura da culinária da Itália a Patrimônio Imaterial da Unesco.   

Pier Luigi Petrillo, diretor da cátedra Unesco sobre Patrimônio Cultural Imaterial na Universidade de Roma Unitelma Sapienza, e Maddalena Fossati Dondero, diretora da revista La Cucina Italiana e presidente do comitê promotor da Candidatura, participarão de conferências sobre o tema em 21 de outubro, no Colégio Dante Alighieri, e no dia 23, no Instituto Italiano de Cultura, quando também será inaugurada a mostra “La Cucina Italiana”, com 20 painéis fotográficos que destacam tradições, produtos e hábitos alimentares de cada região do país.   

A candidatura da “cucina italiana” a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco foi apresentada em março de 2023, e a decisão é esperada para 10 de dezembro, o que pode conferir à gastronomia do “Belpaese” um reconhecimento inédito no mundo.   

“Em nenhum outro país a culinária tem um valor identitário tão forte. A gastronomia italiana não é uma lista de produtos e ingredientes nem uma coleção de receitas, mas um fenômeno cultural que une toda a nação e a conecta aos italianos no exterior”, disse Petrillo em entrevista à ANSA, acrescentando que a cozinha é um “cordão umbilical” entre ítalo-descendentes e a pátria mãe.   

Já para Fossati, “a culinária italiana é um mosaico de diversidade, conhecimento e trocas emocionais”. “A gastronomia italiana é do mundo”, disse ela, que participou de um estudo com o Ministério das Relações Exteriores da Itália para compreender “quais receitas e ingredientes emigraram” pelo planeta.   

“O mais extraordinário é que cada prato se assimilou à cultura local, tornando-se parte integrante dela sem perder sua italianidade”, acrescentou Fossati.   

Caso a candidatura seja reconhecida pela Unesco, Petrillo revelou algumas propostas para salvaguardar a culinária italiana, “desde ensinar nas escolas a importância de cozinhar em conjunto e para os outros até envolver comunidades no exterior para fortalecer sua conexão com a cultura gastronômica originária”.   

“Hoje, a culinária italiana está em plena forma. Grandes chefs se inspiram na tradição, enquanto cozinheiros mais tradicionais observam os chefs. O resultado é uma culinária variada, intensa, diversa, criativa e, ainda assim, sempre a mesma: a grande culinária da Itália”, destacou Fossati. (ANSA).