10/06/2018 - 12:39
ROMA, 10 JUN (ANSA) – O Ministério do Interior da Itália recusou autorização para um navio com 629 pessoas resgatadas no Mediterrâneo ancorar no país. Essa é a primeira vez que uma embarcação é rejeitada desde que o líder de extrema direita Matteo Salvini assumiu o controle da pasta.
O ministro enviou uma carta “urgente” às autoridades de Malta, afirmando que o porto “mais seguro” para o navio Aquarius – operado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras – atracar é o da capital Valeta.
Ao longo da semana, Salvini já havia criticado o governo maltês por suas frequentes recusas a receber embarcações com migrantes forçados. Uma delas, a Seefuchs, pertencente a uma ONG holandesa, foi impedida de ancorar em Valeta com 126 pessoas a bordo.
Segundo o comandante da unidade, Malta ofereceu apenas assistência marítima, o que fez o navio ser direcionado para Pozzallo, na Itália, onde chegou na manhã do último sábado (9).
“Malta não pode responder sempre ‘não’ a qualquer pedido de intervenção”, disse Salvini em seu Twitter.
Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), 33.226 deslocados externos já entraram na União Europeia via Mediterrâneo em 2018, sendo 13.808 pela Itália, 11.070 pela Grécia, 8.301 pela Espanha e 47 pelo Chipre. Outras 785 pessoas morreram ou desapareceram na travessia.
Malta, país insular situado entre a África e a Sicília, não recebeu um único migrante forçado em 2018. De acordo com o último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), relativo a 2016, Malta possui 8.850 deslocados externos, entre refugiados e solicitantes de refúgio.
O número equivale a cerca de 2% de sua população de 445 mil habitantes.
Já a Itália abriga 247.992, o que corresponde a 0,40% de seus aproximadamente 60 milhões de habitantes. “Mais de 750 mortos no Mediterrâneo em 2018. O salvamento de vidas no mar deve permanecer uma prioridade absoluta de qualquer governo”, disse a porta-voz do Acnur para o sul da Europa, Carlotta Sami.
Salvini ganhou popularidade na Itália ao transformar a Liga, partido tradicional que lutava pela independência da Padania, em uma das mais fortes legendas de extrema direita da União Europeia, com um discurso de “tolerância zero” com a migração no Mediterrâneo.
Para frear o número de deslocados externos na Itália, ele prega uma equação que une a deportação de dezenas de milhares de pessoas sem documentos à redução drástica dos desembarques de navios que operam no Mediterrâneo. (ANSA)