ROMA, 20 FEV (ANSA) – Mais de 197 mil mortos. Esse é o dramático balanço da pandemia de Covid-19 na Itália, um dos países mais atingidos pela crise sanitária, sobretudo nos primeiros meses, quando as cenas de ruas vazias no lockdown e filas de caixões em cemitérios comoveram o mundo.
Há exatos cinco anos, em 20 de fevereiro de 2020, o Hospital de Codogno, na Lombardia, confirmava o primeiro caso de transmissão interna do vírus Sars-CoV-2 em solo italiano – antes disso, em 29 de janeiro, as autoridades sanitárias já haviam detectado dois contágios importados da cidade chinesa de Wuhan, berço da pandemia.
O chamado “paciente 1” da Covid na Itália foi o maratonista amador Mattia Maestri, então com 38 anos e que ficaria mais de um mês internado para se curar da doença.
No dia seguinte, foram rastreados cerca de 20 outros casos, incluindo a esposa e um amigo de Maestri, além de idosos que frequentavam um restaurante em comum e funcionários e pacientes do Hospital de Codogno.
Ainda tateando em um cenário que se revelaria devastador, o governo do então premiê Giuseppe Conte decretou lockdown imediato em Codogno e outras nove cidades vizinhas na Lombardia, além de Vo’, no Vêneto, que registraria, em 22 de fevereiro, a primeira morte por Covid-19 na Itália.
A crise foi reconhecida como pandemia em 11 de março de 2020, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) só declararia o fim da emergência global mais de três anos depois, em 5 de maio de 2023.
Os números do Ministério da Saúde italiano contam uma tragédia que ninguém poderia imaginar: em cinco anos, o país contabiliza quase 27,2 milhões de casos de Covid, sendo mais de meio milhão em trabalhadores da saúde, e 197.563 óbitos.
Agora o perigo parece ter ficado para trás, mas especialistas pedem para as autoridades continuarem atentas. “O vírus Sars-CoV-2 entrou no mix de patógenos respiratórios que atingem sobretudo no inverno. Ele não constitui mais uma emergência, mas deve ser mantido sob controle, como se faz com a gripe”, disse à ANSA a diretora do departamento de doenças infecciosas do Instituto Superior da Saúde (ISS), Anna Teresa Palamara.
Em meio à necessidade de monitoramento constante, o governo da premiê Giorgia Meloni apresentou às regiões do país um novo Plano Nacional Pandêmico para enfrentar futuras crises sanitárias – a falta de um programa atualizado de combate a pandemias foi motivo de controvérsia na Itália após a eclosão da Covid.
O projeto da gestão Meloni prevê que medidas de “restrição à liberdade pessoal” sejam adotadas apenas diante de uma “pandemia de caráter excepcional” e mediante leis aprovadas pelo Parlamento, e não mais por meio de decretos, como ocorreu na crise da Covid-19.
“O total despreparo e a falta de comunicação foram os erros que nos fizeram sofrer um massacre que poderia ter sido evitado.
E ninguém teve a decência e o respeito de se colocar diante dos cidadãos, admitir os próprios erros e pedir desculpas”, disse a advogada Consuelo Locati, que defende uma associação de familiares de vítimas da pandemia. (ANSA).