A Itália decidiu nesta sexta-feira (29) diminuir as restrições de combate ao coronavírus em algumas regiões, apesar dos alertas de especialistas em saúde pública.

Apulia, Cerdeña, Sicilia, Umbría e a província autônoma de Bolzano passarão a partir de domingo ao nível de alerta “laranja” (risco médio), enquanto o resto da Itália passa ao nível “amarelo” (risco moderado), informaram fontes do Ministério da Saúde.

O nível amarelo permite a abertura de bares, cafés e restaurantes durante o dia e flexibiliza circulação entre as regiões.

Além disso, os museus podem reabrir, mas apenas durante a semana.

A flexibilização contraria a tendência geral dos demais países europeus de implementar medidas mais severas.

O braço europeu da Organização Mundial de Saúde alertou na quinta-feira que é “muito cedo” para suspender algumas medidas, devido à presença “ainda muito elevada” do vírus, e lembrou que persistem restrições em muitos países do velho continente.

“Sim, a Itália vai contra a tendência geral”, reconheceu à AFP Walter Ricciardi, especialista em saúde pública e assessor do Ministério da Saúde sobre a pandemia.

Segundo o especialista, as medidas restritivas adotadas na Itália durante o Natal e o Ano Novo ajudaram a estabilizar os números do vírus, sem reduzi-los.

A Itália, um dos países mais afetados pelo coronavírus, com mais de 87.000 mortes e uma recessão recorde, também vive uma crise política em meio à pandemia, que gerou muita confusão.

De acordo com o GIMBE, um grupo de especialistas independentes, a Itália registrou 799 casos de vírus por 100.000 habitantes entre 20 e 26 de janeiro, um número que precisa ser reduzido.

A renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte nesta semana fez ressurgir a questão.

“Se não tivermos um governo com plenos poderes (…) é claro que a situação na Itália corre o risco de se tornar ainda mais crítica”, alertou Ricciardi.