ROMA, 30 JUN (ANSA) – Após ter reduzido drasticamente os fluxos migratórios no Mediterrâneo, o governo da Itália estuda agora construir um muro na fronteira com a Eslovênia, no nordeste do país.   

Segundo o governador da região de Friuli Venezia Giulia, Massimiliano Fedriga, a barreira teria 243 quilômetros de comprimento. “É uma hipótese que estamos estudando com o Ministério do Interior”, disse, em entrevista ao jornal Fatto Quotidiano.   

O Ministério do Interior é chefiado pelo vice-premier Matteo Salvini, do partido ultranacionalista Liga, o mesmo de Fedriga.   

“Se a Europa não tutela suas fronteiras, seremos obrigados a parar a onda migratória que atravessa outros países da União Europeia com todos os meios”, acrescentou o governador.   

O próprio Salvini, dois dias atrás, dissera que, após a redução dos desembarques no Mediterrâneo, seu objetivo seria “vigiar a fronteira a leste”. As polícias de Itália e Eslovênia iniciarão nesta segunda-feira (1º) um serviço de patrulha bilateral para controlar os fluxos migratórios.   

O objetivo dessas medidas é inibir a ação de pessoas que ajudam migrantes e refugiados a se deslocarem entre os países da União Europeia. “A Itália também terá seu muro da vergonha. Os membros da Liga no governo estão levando a Itália à barbárie para parar uma invasão de migrantes que não existe”, declarou o presidente do partido Federação dos Verdes, Angelo Bonelli.   

O governo da Itália ainda não forneceu números sobre os fluxos migratórios na fronteira com a Eslovênia. Os dois países fazem parte do Espaço Schengen, área de livre circulação de pessoas e mercadorias na Europa.   

O dispositivo, no entanto, tem uma regra que permite a “devolução” para o país de partida de migrantes em situação irregular, se eles forem pegos nas imediações da fronteira da nação de destino. Ou seja, se a Itália detém um cidadão extracomunitário sem documentos logo após a divisa, ela pode enviá-lo de volta à Eslovênia.   

Essa medida, contudo, frequentemente é usada para bloquear solicitantes de refúgio, que não são migrantes irregulares porque buscam a proteção oficial de um país contra perseguições ou guerras em sua nação de origem. (ANSA)