ROMA, 15 AGO (ANSA) – Por Giuseppe Tito – A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, espera que o presidente russo, Vladimir Putin, se mostre à altura da vontade dos europeus – e que isso também seja apoiado por Washington – para alcançar uma paz justa, começando com um cessar-fogo e um acordo que não altere a estrutura territorial da Ucrânia.
Por sua vez, o vice-premiê e ministro de Infraestrutura da Itália, Matteo Salvini, espera que Donald Trump consiga levar à mesa de negociações o líder russo e o ucraniano, Volodymyr Zelensky. E ele não mede as palavras sobre o papel do presidente dos EUA: “Se ele conseguir pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia, ‘nada como um Prêmio Nobel da Paz'”, diz ele, lamentando, entre outras coisas, a natureza “espectadora” da UE neste contexto.
A cúpula em Anchorage, no Alasca, está repleta de expectativas na Itália, mas também de tensões entre a maioria e a oposição, especialmente sobre o papel de Bruxelas e a possibilidade de negociações individuais entre EUA e Rússia.
“A presença do bloco na cúpula não garantiria segurança para o futuro. Putin demonstrou que pode negociar hoje e atacar amanhã.
A União Europeia, como está, não existe como entidade estatal.
Von der Leyen representa uma administração regulatória, burocrática e, no máximo, monetária. Ela não tem política externa, não tem um líder eleito pelo povo. Não tem peso porque não pode ser comparada aos EUA ou à Rússia”, afirmou o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, em entrevista ao Corriere della Sera.
“Em certos momentos, a política internacional exige que deixemos de lado certos princípios de justiça e nos curvemos à política real”, acrescentou ele.
Para Nicola Zingaretti, chefe da delegação do Partido Democrático (PD) no Parlamento Europeu, “ao convidar Putin para solo americano, Trump está ciente de que está ignorando o mandado de prisão internacional que paira sobre sua cabeça, mas se a cúpula puder levar ao fim da guerra, ele está disposto a fazê-lo”.
Segundo o representante da oposição italiana, o ministro “denuncia a fraqueza objetiva da União Europeia”. “Ela é fraca porque não é uma entidade estatal, não tem uma política externa.
É uma administração reguladora, burocrática e, no máximo, monetária. Ele tem razão, é em grande parte verdade. Mas aqui também reside o cerne da fraqueza ? ou das contradições ? da direita nacionalista: ela reconhece os limites da Europa e, em vez de superá-los, os acentua”.
Zingaretti continuou então: “Mas esta mesma Europa com outros governos, alcançou grandes feitos. Hoje, o conflito é precisamente este: nós, até mesmo a oposição, reconhecemos esses limites objetivos e estamos comprometidos em superá-los, pedindo coragem e reformas para relançar a integração rumo a uma Europa política”.
De acordo com ele, “depois, há o governo Meloni, que está dividido e, partindo desses limites, acaba boicotando a Europa”.
“Esta é uma grande perda para a Itália, que hoje precisa mais do que nunca de uma Europa mais unida e mais forte”.
Por fim, o cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e representante do Papa para a paz na Ucrânia, destaca que “a paz é feita de muitas etapas”.
“O importante é que tanto a União Europeia quanto Zelensky estiveram envolvidos. Esperamos que este seja um passo que possa abrir caminho para outros. Enquanto houver diálogo, é sempre positivo; esperamos que dê os frutos desejados e que possamos alcançar um cessar-fogo e uma paz justa e aceitável”, concluiu o religioso. (ANSA).