ROMA, 22 AGO (ANSA) – O presidente da Itália, Sergio Mattarella, começou hoje (22) o segundo dia de consultas a partidos políticos para decidir o futuro da Itália. As opções são formar um novo governo baseado na indicação de um primeiro-ministro ou antecipar as eleições. Mattarella conversou ontem com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, além das lideranças de partidos pequenos.   

Hoje, o chefe de Estado se reúne com as principais legendas do país. O dia começou com um encontro com a delegação do partido de direita Irmãos da Itália (FDI), de Giorgia Meloni. O grupo se opôs à ideia de tentar formar um novo governo e defendeu a convocação de eleições. “As eleições são, atualmente, o único êxito possível, respeitando a Itália, seus interesses, seu povo e sua Constituição”, disse Meloni. “Conversei com [Matteo] Salvini e acho que, se as eleições ocorressem, haveria uma aliança entre o FDI a Liga Norte, com certeza. E veremos o que o Força Itália faria. Certamente, teríamos a maioria”, destacou. As eleições antecipadas favoreceriam as legendas de centro e extrema-direita na Itália, principalmente a Liga Norte, de Matteo Salvini, que tem 36% das intenções de voto, de acordo com pesquisas recentes.   

Foi justamente a popularidade entre os eleitores que fez com que Salvini, no início de agosto, decretasse o fim da aliança da Liga com o Movimento 5 Estrelas (M5S) que sutentava o governo italiano desde junho de 2018. A manobra política que levou à crise atua e à renúncia do premier Giuseppe Conte é a grande estratégia de Salvini de conseguir novas eleições e formar seu próprio governo. Depois da reunião com o FDI, Mattarella ouviu a delegação do esquerdista Partido Democrático (PD), liderada pelo secretário nacional Nicola Zingaretti e composta pelo ex-premier Paolo Gentiloni. Ao contrário da legenda de Meloni, o PD, que faz oposição ao governo atual, prefere tentar costurar um acordo legislativo para indicar um novo premier e evitar as eleições. Essa é a estratégia do PD para evitar que Salvini assuma o poder. O partido se disse disponível até para conversar com o M5S e criar uma coalizão.   

“Manifestamos ao presidente da República a disponibilidade de verificar a formação diversa de uma maioria e o início de uma fase política nova e de um governo de descontinuidade, com agenda política e programática”, disse Zingaretti.   

ão queremos um governo a qualquer custo. Mas, sim, um governo inovador, alternativo à direita, com um programa novo, sólido, ampla base parlamentar e que dê esperança aos italianos”, ressaltou, admitindo, porém, que, se não houver esse cenário, o melhor seria convocar realmente as eleições.   

Em seguida, foi a vez da delegação do Força Itália (FI), do ex-premier Silvio Berlusconi e do ex-presidente do Parlamento Europeu Antonio Tajani. “A experiência de governo que se concluiu agora demonstra que os projetos são feitos apenas com ideias compatíveis, não depois das eleições, mas antes. Ou seja, um governo não pode nascer em um laboratório, baseado somente em um contrato”, disse Berlusconi, criticando a forma com que a Liga Norte e o M5S se uniram no ano passado para criar um governo na Itália. “Uma maioria que não respeita a maioria dos eleitores é uma mera coincidência de forças e não pode ser a base de um Executivo estável”, alegou.   

Berlusconi também disse que, “de nenhuma maneira”, o Força Itália fará alianças “com quem confrontamos em toda a campanha eleitoral”. “Um governo desbalanceado para a esquerda seria perigoso para as empresa, para o desenvolvimento e para a segurança”, afirmou. Os representantes da Liga Norte, de Matteo Salvini, e do Movimento 5 Estrelas (M5S), de Luigi di Maio, serão recebidas no Palácio do Quirinale às 16h e 17h locais, respectivamente. Eles serão peças principais no jogo político. Enquanto Mattarella exige sinceridade dos partidos para decidir o futuro, a bola da vez está com o M5S. Se eles formarem uma aliança com o PD, as eleições são descartadas. Mas o partido de esquerda impôs duras condições para essa coalizão, que vão contra tudo que o M5S pregou até agora.   

Dentro do partido, alguns membros acham arriscado demais uma formação do M5S com a esquerda. Diante do impasse, a legenda pode arriscar voltar ao governo com Salvini ou se jogar nas eleições. (ANSA)