ROMA, 16 DEZ (ANSA) – O governo da Itália aprovou neste domingo (15) um decreto que destina até 900 milhões de euros para salvar da falência a Banca Popolare di Bari, um dos maiores bancos do sul do país.   

Durante uma reunião em Roma, o Conselho dos Ministros decidiu repassar essa quantia em 2020 para o Mediocredito Centrale, banco controlado pelo Ministério da Economia e das Finanças e que comprará ações da Banca Popolare di Bari.   

Segundo o decreto, o Mediocredito Centrale usará esse dinheiro para “apoiar empresas” do sul do país, “inclusive por meio da aquisição de participações no capital de sociedades bancárias e financeiras”. O governo também pretende criar um banco de investimentos.   

“O governo está ao lado dos poupadores e dos funcionários da Banca Popolare di Bari e das empresas financiadas por ela”, disse neste domingo o ministro da Economia Roberto Gualtieri (PD).   

Na sexta-feira passada (13), o Banco da Itália (banco central do país) já havia anunciado uma intervenção na instituição financeira, que enfrenta uma grave crise devido à elevada presença de créditos deteriorados (empréstimos que dificilmente serão pagos) em sua carteira – cerca de 15% do total.   

A Banca Popolare di Bari encerrou 2018 com prejuízo de 420 milhões de euros e se tornou mais um protagonista da crise que afeta diversos bancos populares italianos. Esse tipo de instituição financeira é constituído como sociedade cooperativa, onde cada sócio não pode ter mais de 0,5% do capital.   

Mas problemas de gestão colocaram os bancos populares no centro de uma crise que ronda todo o sistema bancário italiano, principalmente devido à elevada presença de créditos deteriorados em suas carteiras.   

Para salvar essas instituições, os últimos governos usavam o “bail-in”, resgate que é feito com o dinheiro dos próprios investidores e acionistas. Nesse modelo, a parte saudável do banco é vendida, enquanto os créditos deteriorados são transferidos a um “bad bank”, uma espécie de lixeira para abrigar os prejuízos e tentar vender os ativos podres a fundos especializados em recuperar esses investimentos.   

Esse método, no entanto, sempre foi criticado pelo antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), principal partido do atual governo, já que o “bail-in” coloca em último lugar na fila de pagamento as aplicações em “obrigações subordinadas”, ativos que, apesar de seu alto risco, foram vendidos a milhares de poupadores comuns e sem experiência financeira.   

Agora no poder, o M5S preferiu uma intervenção mais direta do governo. “Se o Estado tiver de colocar dinheiro para salvar contas correntes, devemos fazer de modo que o banco seja nacionalizado”, disse o chanceler Luigi Di Maio, líder do partido, no último domingo. (ANSA)