Itália defende reconhecimento simultâneo de Palestina e Israel

ROMA, 25 JUL (ANSA) – O governo italiano afirmou nesta sexta-feira (25) que apoia a solução de “dois Estados”, mas o reconhecimento tanto da Palestina quanto de Israel precisa ser simultâneo.   

A declaração foi dada pelo vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, no Conselho Nacional do Força Itália (FI), um dia após o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciar que seu país vai reconhecer a Palestina como um Estado.   

“A Itália apoia a solução de dois povos, dois Estados, mas o reconhecimento do novo Estado palestino deve ocorrer simultaneamente ao reconhecimento do Estado de Israel pela Itália”, afirmou ele.   

Tajani destacou ainda que o governo da premiê Giorgia Meloni está interessado na paz, “não na vitória de um sobre o outro”, lembrando que a Itália é “o país do mundo que acolheu o maior número de refugiados de Gaza”.   

Além disso, o chanceler italiano reiterou a condenação aos ataques de Israel contra o enclave palestino e às restrições à entrada de ajuda humanitária e apelou por um cessar-fogo “imediato”.   

“Não podemos mais aceitar carnificina e fome. Chegou a hora de um cessar-fogo imediato. Somos amigos de Israel, mas já dissemos isso a Israel”, concluiu.   

A oposição, por sua vez, questionou as razões de Tajani para não reconhecer a Palestina como um Estado. “Nosso Ministro das Relações Exteriores sabe do que está falando? Ele diz que precisamos do reconhecimento de Israel”, disse Giuseppe Provenzano, do Partido Democrático (PD).   

Para o político do PD, “é Israel que deve reconhecer a Palestina, pondo fim à ocupação ilegal de seus territórios”, porque foi o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, quem sabotou acordos e reivindica a responsabilidade por isso.   

“Portanto, dizer agora que precisamos de ‘reconhecimento mútuo’ significa esperar que o criminoso Netanyahu decida, o que significa nunca. Você pode escolher estar do lado errado da história, mas não pode reescrevê-la com hipocrisia e mentiras.   

Tudo isso é inaceitável”, concluiu Provenzano Ontem, Macron declarou que formalizará o reconhecimento durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), agendada para setembro. Atualmente, mais de 140 nações reconhecem o Estado da Palestina, incluindo o Brasil. Por outro lado, nenhum dos integrantes do G7 (EUA, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra, Itália e Japão) adotaram essa ação até o momento.   

A decisão de Macron, no entanto, foi criticada por Netanyahu, que a condenou veementemente o reconhecimento um Estado palestino vizinho a Tel Aviv após o massacre de 7 de outubro.   

“Tal medida recompensa o terror e corre o risco de criar outro representante iraniano, assim como aconteceu com Gaza”, declarou.   

Nesta sexta, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também enfatizou que o governo de Donald Trump rejeita firmemente o plano de Macron.   

“Esta decisão imprudente apenas alimenta a propaganda do Hamas e atrapalha a paz. É um tapa na cara das vítimas do 7 de outubro”, escreveu o norte-americano no X.   

Além disso, o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, ironizou Macron, sugerindo que o líder francês oferecerá uma parte do território de seu país para os palestinos da Faixa de Gaza.   

“A ‘declaração’ unilateral de Macron sobre um ‘Estado palestino’ não disse ONDE ele seria. Agora posso revelar com exclusividade que a França vai oferecer a Riviera Francesa, e a nova nação se chamará ‘França-lestina'”, afirmou Huckabee utilizando um trocadilho juntando os nomes “França” e “Palestina” em publicação no X. (ANSA).