Médicos e cientistas da Bolonha, região no norte da Itália, trabalham correndo contra o tempo para certificar e aprovar novas máscaras cirúrgicas produzidas na Itália e em outros países, para que possam ser distribuídas ao pessoal da saúde, que combate a pandemia no país.
Em uma sala de cirurgia esterilizada do hospital Policlínico Sant’Orsola, da Universidade de Bolonha, um grupo de profissionais trabalha 24 horas para certificar, segundo os padrões europeus, as máscaras produzidas por mais de 100 empresas na Itália, Reino Unido, Alemanha e Coreia do Sul.
A falta de máscaras para os funcionários da saúde tem sido um dos maiores problemas que a Itália enfrenta desde que começou a urgência sobre o novo coronavírus no país, em fevereiro.
Médicos, enfermeiros, assistentes e funcionários do hospital tiveram que trabalhar sem proteção adequada, arriscando suas próprias vidas.
Segundo a Federação Nacional da Ordem dos Médicos, somente na Itália mais de 100 médicos morreram pelo vírus.
O número de trabalhadores médicos da linha de frente que morreram ou foram infectados com coronavírus está aumentando a cada dia.
“Não é fácil fazer uma máscara. Parece uma coisa pequena, mas não é”, disse à AFP a engenheira química e especialista em materiais, Christiana Boi.
“Você precisa deixá-la aberta o suficiente para respirar e fechada o suficiente para bloquear o ar”, das partículas em suspensão.
No laboratório improvisado, a equipe de especialistas de 30 pessoas é composta por médicos, engenheiros, farmacêuticos, microbiologistas e químicos.
O primeiro verifica a capacidade de respirar através da máscara. Pelo menos metade das máscaras falhou no primeiro teste, ressaltou Boi.
Em seguida, a máscara é pulverizada com partículas de bactérias e a porcentagem que passa é avaliada. Para dois tipos de máscaras, o limite foi de 95% e 98%.
“Estamos tentando reduzir para poucos dias o tempo que dedicamos aos testes”, afirma Francesco Violante, diretor da Faculdade de Medicina do Trabalho da Universidade de Bolonha.
– ‘Temos uma missão’ –
Algumas empresas estão usando bons materiais e “sabem o que estão fazendo”, reconheceu Boi.
Já outras transformaram suas fábricas em locais para a produção de máscaras, mas não dispõem das diretrizes ou dos conhecimentos necessários para fazê-las, lamentou.
Os testes em Bolonha são os mesmos que os realizados para dispositivos médicos da marca CE.
Ou seja, de um produto que atende aos requisitos obrigatórios da União Europeia, que geralmente necessitam de mais de um mês e meio de testes.
Para ultrapassar esse obstáculo, a universidade concederá às empresas que produzem as máscaras aprovadas um certificado o qual poderão apresentar à agência de saúde pública italiana, o Instituto Superior de Saúde, para poder comercializar o produto na Itália, segundo Violante.
Para a Dra. Martina Cappelletti, responsável pelo setor de microbiologia no grupo, trata-se de “uma missão”.
“Todos os dias, enquanto trabalhamos com as máscaras, pensamos que o dispositivo que estamos testando será usado por um profissional de saúde, um médico ou uma enfermeira que esteja tratando pacientes com coronavírus”, confessa.
“Nosso trabalho é imensamente importante”, admite.