Itália celebra 1º dia em memória de vítimas da Covid-19

BERGAMO, 18 MAR (ANSA) – Há exato um ano, a divulgação de uma imagem deixava a Itália em choque. A foto mostrava caminhões militares enfileirados em Bergamo para remover corpos de vítimas da Covid-19 para cemitérios e crematórios de outras cidades do país.   

A imagem rapidamente se espalhou pelo mundo e mostrou o que acontece quando o novo coronavírus sai do controle: hospitais em colapso e cemitérios sem conseguir dar conta do fluxo de caixões. A foto virou um símbolo da crise sanitária na Itália e motivou a instituição de um dia nacional em memória das vítimas da Covid-19, celebrado pela primeira vez nesta quinta-feira (18).   

O projeto de lei que cria a data foi aprovado de forma definitiva no Parlamento apenas na última quarta (17), mas isso não impediu que homenagens fossem realizadas por todo o país, mas sem aglomerações, já que 71,5% da população nacional vive um novo lockdown para conter a pandemia.   

Os edifícios públicos, incluindo as sedes do governo, dos ministérios e do Parlamento, estão com bandeiras a meio-mastro para homenagear as mais de 100 mil vítimas da Covid na Itália.   

Já o premiê Mario Draghi, que está no poder há cerca de um mês, viajou a Bergamo e depositou uma coroa de louros em uma estela dedicada aos mortos por coronavírus.   

“Este lugar é um símbolo da dor de toda uma nação. É também o lugar de um compromisso solene que hoje assumimos. Estamos aqui para prometer aos nossos idosos que nunca mais as pessoas frágeis não serão protegidas e assistidas de forma adequada.   

Apenas assim respeitaremos a dignidade daqueles que nos deixaram”, disse o primeiro-ministro, em um breve discurso em um novo bosque em homenagem aos mortos.   

Com cerca de 120 mil habitantes, Bergamo tem mais de 3,4 mil vítimas confirmadas da Covid, mas estudos apontam que o número real pode chegar a 6 mil, já que houve uma grande subnotificação nos primeiros meses da pandemia.   

Em suas contas nas redes sociais, o ex-premiê Giuseppe Conte, que governou até fevereiro passado, disse que o dia nacional dedicado aos mortos pelo novo coronavírus representa a lembrança de quando o país tomou “plena consciência” de que a saúde dos cidadãos seria “um valor supremo a ser defendido”.   

“Os caminhões militares que transportavam para fora da cidade centenas de caixões da primeira grande onda de Covid-19 nos obrigaram a lidar com uma ferida destinada a abrir um corte sem fim em nossa comunidade nacional”, afirmou Conte.   

Para conter a pandemia naquele momento, a Itália inteira enfrentou mais de dois meses de um rígido lockdown que proibia sair de casa a não ser por motivos urgentes. “Foram dias terríveis, o grande senso de responsabilidade e a necessidade de permanecer lúcidos e reativos nos deram força para enfrentar esse grande sofrimento coletivo”, acrescentou o ex-primeiro-ministro.   

Atualmente, a Itália tem quase 3,3 milhões de casos e mais de 103 mil mortes na pandemia, com a oitava maior taxa de mortalidade no mundo (170 óbitos para cada 100 mil habitantes), segundo a Universidade Johns Hopkins. (ANSA).